Texto meu, publicado no blog 
 http://www.napracinha.com.br/2012/04/maes-especiais-tudo-vira-terapia.html
Um dos maiores problemas da criança autista é não saber brincar  sozinha. Na verdade, na maioria dos casos, elas não sabem é brincar. Por  isso rodam objetos e se apegam a coisas que tenham movimentos  repetitivos. Falta imaginação, vocabulário e tato social. Criança  aprende brincando. Se ela não sabe brincar, não aprende. E vira um  círculo vicioso… 
Praia, parquinho, passeio na pracinha, play, piscina, shopping,  supermercado, festinha, meia horinha na varanda com tinta e massinha ou  mesmo uma simples ida na pizzaria. Tudo vira terapia quando você tem um  filho especial, e que tem o estímulo motor e cognitivo como base do  tratamento. 
Desde que digerimos o diagnóstico de autismo do Luca, hoje com 3 anos,  eu e o meu marido colocamos na cabeça que todo e qualquer programa  familiar, por mais simples e bobo que seja, tem de ter um propósito, uma  razão, um objetivo! O exercício é adaptar as pequenas coisas da nossa  rotina a atividades que agreguem conhecimento ao Luca. E, à reboque, ao  Thiago, de 5 anos, que com isso acaba se beneficiando também! 
Por exemplo, ir à pizzaria vira treino de como se comportar em lugares  caóticos, de muita gente junta e falando alto. Esperar a sua vez para  sentar e ficar relativamente quieto à mesa; uma ida ao play pode ser  'turbinada' com brinquedos que você queira que ele compartilhe com  outras crianças ou que, no mínimo, chame outros garotos para brincar com  ele. Interação social e treino de imaginação.
Praia é terapia sensorial (areia), assim como pracinha (grama). No  supermercado, peço para ele me listar as cores dos produtos e para pegar  um, dois ou três macarrões, para ele repetir os números…
Festinhas infantis são ótimas: quatro horas de coordenação motora (nos  brinquedos), interação social e sensorial (muita gente junta, barulho e  música alta costumavam incomodar o Luca muito mais antes do que agora),  além da possibilidade de ver outras crianças comendo e bebendo e se ver  no outro, imitar o outro. A capacidade de imitação é uma das coisas mais  importantes no desenvolvimento do bebê e a gente costuma dar pouca  importância a isso.
Em uma das palestras que eu fui, um neurologista falou em  neurônios-espelho (aqueles que fazem a gente bocejar quando alguém  boceja). Em autistas que morreram de morte natural conseguiram provar  que esses neurônios fazem poucas sinapses, são mais curtos que o normal.  Com dois meses de idade, o bebe imita o sorriso da mãe, põe a língua  para fora quando o pai põe.. aí de repente ele percebe que não precisa  esperar o pai ou a mãe fazerem aquilo para fazer também. Ele pode fazer  por conta própria! E começa a fazer, e não para mais... É nesse ponto que o  desenvolvimento deslancha… Hoje, uma das coisas que queremos que o Luca  faça é nos imitar, imitar os amiguinhos, repetir o que eles falam,  bocas e gestos… 
Tudo isso, claro, são dicas para mamães com filhos neurotípicos também. E  acaba sendo muito importante para eles… o Thiago adora e se desenvolve…  É que nós, mães especiais, começamos a pensar assim automaticamente. 

No último fim de semana fomos ao cinema, mesmo sabendo que o Luca  dificilmente fica sentado na cadeira. Dessa vez, ele ficou oito minutos,  seu novo recorde. Enquanto durou a pipoca, na verdade. Depois, ele  dispersou e foi andar na escada lateral, sob minha supervisão, claro.  Quando uma cena o interessava muito, ele parava por um minuto e prestava  atenção. Para nós, mães especiais, esses minutos, segundos de atenção  valem ouro e precisam ser comemorados. Dois minutos de atenção para quem  não tinha atenção nenhuma há menos de um ano é uma vitória! 
Há duas semanas fui a um seminário na Barra da Tijuca e uma das  palestrantes foi enfática: se você quer que sua criança autista aprenda a  se comportar em público, na rua, no shopping, na escola, onde for, tem  de tirá-la de casa. Não tem outro jeito de ensiná-la.. E é verdade. 
De uns tempos para cá eu evitava levar o Luca para supermercados. Era um  caos. Ele era mais hiperativo do que é agora (tem melhorado muito com  tratamento biomédico, sem remédios) e saia em disparada no meio dos  corredores e gôndolas. O Thiago ia atrás, era um terror. Uma vez, vendo  meu desespero, o gerente do Extra veio, cordialmente, me perguntar se eu  não queria ir para a fila preferencial, embora não estivesse grávida  nem estivesse com criança de colo… Ele temia que o Luca derrubasse uma  pilha de ervilhas que algum funcionário seu provavelmente ficara meia  hora fazendo com todo empenho. E ainda abriu um caixa que estava fechado  só para ficar livre de mim..rs Não tem problema! Semana que vem estarei  lá de novo com eles. E o gerente, se quiser, que continue abrindo  caixas especiais para mim!
  
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