O diamante mandarim (Taeniopygia guttata) é um colorido passarinho australiano que aprende a cantar com seus pais. É também a segunda espécie de ave a ter seu código genético seqüenciado, e com isso, vai ajudar cientistas a entender como se desenvolve a linguagem humana e desenvolver tratamentos para problemas de fala humana, como os causados por autismo, gagueira e mal de Parkinson.
O estudo, a ser publicado na edição de amanhã da revista Nature, envolve um consórcio de mais de 20 universidades nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. A pesquisa descobriu mais de 800 genes envolvidos no processo de vocalização e canto do mandarim, muitos deles que se ativam e desativam conforme o que aprendem seu canto e que fazem parte do chamado DNA-lixo, genes aparentemente sem função definida e que agora mostram fazer parte de complexos processos com outros genes.
“Agora podemos analisar não só os genes envolvidos no aprendizado da fala, e sim em como eles se regulam,” diz um dos autores, Richard K. Wilson, diretor de centro de genoma da Washington University. “Existem camadas de complexidade que só agora começamos a enxergar. Este genoma vai nos dar pistas importantes de como a vocalização funciona a níveis moleculares, tanto em humanos como em pássaros”.
A primeira ave a ter seu genoma sequenciado foi a galinha, em 2004. Embora ambas as espécies tenham muito em comum (como o tamanho de seu DNA, um bilhão de pares de bases, cerca de um terço do DNA humano), os pesquisadores descobriram que no diamante mandarim o código genético associado com canto e vocalização sofreu uma evolução mais acelerada e as duas espécies se separam há cerca de cem milhões de anos.