MINHA HISTÓRIA DE VIDA !!!
Autismo

MINHA HISTÓRIA DE VIDA !!!



Apresentação

Meu nome é Nataly, tenho 27 anos e sou Asperger, considerado um grau leve do espectro autista.

Minha Infância

  Posso dizer sem dúvida alguma, que foi a melhor fase da minha vida e que tenho muitas saudades. Nasci em 1985 e fui a primeira filha dos meus pais, eles dizem que fui muito desejada e sempre muito amada, comecei a falar com quase quatro anos de idade , a andar com sete meses e meus pais relatam que chorava muito e não entendiam a causa. Era uma criança saudável, muito esperta e sapeca, curiosa ao ponto de querer explicação para tudo. Se meus pais me diziam não para tal coisa, só o "não" não bastava, tudo tinha que ser justificado. Nos meus primeiros aninhos na escola, minha mãe diz que no primeiro dia eu não estranhei, ela me deixou e fiquei lá quietinha, aprendi a ler e escrever muito rápido, lembro-me muito bem minha mãe pegando na minha mão para escrever meu nome. Aí o tempo foi passando, nasceu meu grande amigão, meu irmão; tudo era muito novo para mim e tinha que acostumar com a idéia de dividir o espaço, porém eu queria tanto que ele existisse que enquanto minha mãe o esperava, eu ficava acariciando e beijando a barriga dela, era como se ele falasse comigo (risos). Tinha muitos amiguinhos e as melhores épocas eram do meu aniversário, pois eu chamava todos eles. Porém tinha meus momentos em que me isolava e não queria mais brincar socialmente, ficava só no meu mundo com minha bonecas e gibis infantis, porém tinha uma característica marcante em mim, tudo o que fazia só, tinha uma mania repetitiva nas minhas mãos e meus pais não entendiam. Comecei minha terapia cedo, porém o diagnóstico do autismo nunca chegava, eu tinha uma personalidade forte também, muito teimosa e gritava quando nervosa. Eu lembro de uma coisa muito marcante: aprendi a andar de bicicleta sem rodinhas sozinha em um dia, me esforcei o dia todo. Nunca mentia ou não escondia informações dos meus pais, houve um dia numa escolinha em que estudava, que quebrei um filtro de água, a diretora disse que não iria dizer à minha mãe do ocorrido, porém assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi contar tudo à ela.

Adolescência

  Nossa, pense numa épocazinha difícil, parece que ninguém me entendia e até eu mesma não me compreendia. Tudo envolveu, como processo de mudança de cidade, nova escola, novas pessoas... Aos 12 anos (1998), comecei a ter uma das primeiras crises da minha vida, estava assistindo a um filme de suspense na casa de uma cólega da rua em que morava, quando menos se esperava comecei a achar que estava com falta de ar, mãos formigando e se fechando, acharam que eu pudesse estar tendo algum tipo de ataque, mas não, hoje vejo que tudo eram sintomas do autismo, já se manifestando na adolescência, por exemplo, estava na casa de uma pessoa que mal tinha amizade e não conseguia me interagir com as colegas. Comecei a namorar aos 13 anos e foi aí que comecei a ter mais conflios pessoais, até mesmo ter depressão. Aos 16 anos me tornei evangélica e conheci mais novas pessoas, DEUS sempre foi maravilhoso na minha vida. 
Aos 15 anos (2001), fiz o primeiro ano do ensino médio, houve mais uma mudança na minha vida, fui para outro colégio, tive que me adaptar ao novo lugar, novas pessoas, apesar que conhecia algumas, foi um ano muito difícil, pois comecei a tirar muitas notas baixas, já que vinha sendo considerada uma das melhores alunas da sala do colégio anterior, muitas vezes me isolava no intervalo, ficava sentadinha num canto reservado, ou passava a maior parte dormindo, pois eu estava fazendo tratamento com um psiquiatra que só me enchia de remédios e tinha muito sono durante as aulas, acredito que eles também interferiram no meu rendimento, enfim quase perdi o ano, tinha dificuldade para apender, pois tudo era novo para mim, até as matérias, minha família sofreu junto e para a alegria de todos, passei.
No segundo ano (2002), foi mais tranquilo, tava mais adaptada ao colégio e às pessoas, comecei a tirar notas boas e passei um ano mais leve, passei de ano sem muito sacrfício. Sabem, as mudanças e coisas novas a começar, sempre mexeram comigo, mas depois que me acostumo, tiro tudo de letra.
No terceiro ano (2003), foi mais puxado por ser ano de vestibular e todo o desenrolar começa na fase adulta, que escrevi no item seguinte.

Fase Adulta

   Terminei meu ensino médio aos 18 anos(2003), nunca perdi ano de estudo, sempre fui dedicada, meu primeiro vestibular foi para medicina, porém não passei nos dois que fiz, daí passei a tentar duas vezes para enfermagem, passei no segundo em uma federal da Paraíba, mas não cheguei a cursar. Em 2006 tentei um curso superior em Materiais, passei e cursei três períodos, pois passei na UFRN em Química do Petróleo (2008), foi um dos dias mais felizes da minha vida, mas não estava me dando bem no curso e vi que não era a minha praia, tranquei e fui estudar para concursos (2009), o primeiro que fiz foi pro Ministério da Fazenda e fiquei muito perto, nesse mesmo ano passei na Infraero. Mas comecei a apresentar longas e difíceis crises depressivas, eu dava aulas de reforço e continuei dando até 2011, acho que eram elas que mais me animavam, Eu fiquei quase um mês inteiro sem sorrir, um estado bem para baixo mesmo. Comecei então a fazer psicoterapia e ela me indicou um anjo que é meu psiquiatra, costumo dizer que ele é um grande amigo e que apareceu na hora certa na minha vida, passei por momentos muito ruins na minha vida, tomei várias medicações antidepressivas , a maioria demorava e nem mesmo chegava a me adaptar a elas. Em 2010, comecei uma nova etapa da minha vida, o curso que amo muito: Direito, conheci novos amigos e o primeiro ano foi tranquilo, porém com conflitos pessoais. Em 2011, comecei outro semestre e tive que trancar, pois eu não estava mais conseguindo me interagir com ninguém e estava em conflito comigo mesma, comecei a ter crises na sala em que estudava e algumas pessoas começaram a me rejeitar. Enfim tranquei e na mesma época tive meu diagnóstico, meu pai entrou no consultório comigo e falou muito das minha características desde a época da infância, aí o médico fachou o diagnóstico: Síndrome de Asperger. Foi um ano muito difícil, tive que me adaptar a essa nova fase da minha vida, me informar. Fiquei muito tempo socada dentro de casa, me sentindo uma pequena diante de tudo, depois de junho coloquei meu currículo em lojas de shopping para trabalhar, fui contratada em uma loja de calçados masculinos, porém não fiquei muito tempo, pois não me adaptei a essa rotina e não gostava também, me sentia mal pela fato de nunca poder contar numa entrevista de emprego que era uma autista, morria de vontade de contar para o patrão, o qual tem aproximadamente a idade do meu pai. Quando saí desse emprego, decidi-me nunca mais ir atrás de algo para trabalhar no qual não me identifico. A partir daí comecei a só pensar em concursos mesmo, o primeiro deles foi me dedicar ao INSS, como concorro nas vagas especiais, fiquei em 25° dos 5 habilitados. Depois desse, meu pai viu que tenho grande potencial, pois quase passei no Banco do Brasil no ano passado também e decidiu que eu fosse fazer o mesmo concurso em Brasília-DF, resultado: passei em 20° nas vagas especiais das 125 oferecidas, estou esperando ser chamada. Nesse ano (2012), voltei para meu curso de Direito e estou indo muito bem, tive minhas crises de adaptação no início, porém estou levando o semestre até o fim, todos na faculdade sabem da minha limitação. Sabe, descobrir que sou uma autista me motiva muito a lutar para terminar o curso, pois quero ser uma defensora da inclusão social de todos nós autistas, pois o que mais me decepciona é a falta de informação presente nesse país.
Tratamento

Hoje me encontro nas mãos de dois especialistas maravilhosos: meu psiquiatra e minha psicoterapeuta cognitiva comportamental.


Pessoas importantes na minha vida

Amo todos da minha família, meus pais são tudo na minha vida, meu irmão grande amigão, meu tio sempre presente em tudo e tenho um noivo abençoado, que amo demais, sempre me apoia em tudo.

Mensagem

Nunca duvidem da nossa capacidade, somos verdadeiros e determinados.



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