
O  trabalho pedagógico, realizado com êxito há oito anos pela Associação  de Amigos do Autista da Bahia- AMA-BA, é resultado das reflexões acerca  dos insucessos e das experiências negativas vividas pelas pessoas com  autismo, no processo de inclusão. Queremos ser atores de um sistema  educacional especializado, pois acreditamos na capacidade cognitiva de  cada um e não desejamos condená-los a uma pedagogia conservadora, que  apenas pensa na “inclusão social” sem o menor interesse em apostar na  “inclusão cognitiva” dessas pessoas. Atrelar o social à cognição é  tarefa a ser empreendida para que a aprendizagem ocorra de fato e de  direito.
 O trabalho com pessoas autistas traz uma gama de inquietações e  indagações para os profissionais da área de educação. Os autistas sempre  colocam os professores na condição de impotentes mediante as condutas  adquiridas: ecolalias, maneirismos, estereotipias, limitações  simbólicas, transtornos na fala ou inexistência dela, interação  precária, dificuldade de aprendizagem e condutas comportamentais  inadequadas.
 Para o professor, isto se torna um enorme desafio, pois ele precisa  conhecer o que é o autismo, quem é o autista, compreender a linguagem  corporal, ensinar formas de comunicação, trabalhar as condutas, muitas  vezes trazidas de casa de forma inadequada e, principalmente, elaborar  mecanismos para romper as dificuldades de aprendizagem que seus alunos  apresentam; nesse processo, destacamos as abordagens lúdicas que, como  sabemos, possibilita a socialização e facilita a aprendizagem.
 Nosso maior desafio, portanto, foi e sempre será o de tornar digno de  crédito um trabalho individualizado que nos exige muita abnegação.  Nosso fazer pedagógico inicia em uma avaliação extremamente rigorosa,  lenta e detalhada; através dela, é possível detectar as dificuldades  maiores trazidas pelos alunos e, consequentemente, organizar a montagem  do Currículo de Construção Cognitiva com materiais criados,  especificamente, para as necessidades individuais de evolução.
 Para tornar mais eficaz todo este processo, é necessário elaborar o  CURRÍCULO DE CONSTRUÇÃO COGNITIVA e os RECURSOS PEDAGÓGICOS INDIVIDUAIS;  a etapa seguinte é a de preparação, instrumentação e, por fim, a  formação do professor-mediador. É necessário muito estudo e crença em  uma nova teoria, e até mesmo um investimento muito maior na habilidade  criativa do professor para transformar a realidade “corriqueira de salas  de aula com materiais abstratos”, de difícil compreensão para a pessoa  autista, em materiais concretos e aplicáveis na vida prática.
 Para constatar a eficácia do atendimento individualizado, da criação  do Currículo de Construção Cognitiva, do investimento nos professores,  torna-se necessário um diagnóstico da realidade inicial dos trabalhos da  AMA-BA. Há oito anos, apenas 1% dos autistas era atendido na rede  particular e pública de ensino. No decorrer dos trabalhos, esta  realidade foi se modificando e hoje, 25% dos alunos estão incluídos na  rede regular de ensino. Uma vitória movida pelo esforço contínuo de um  estudo elaborado, estruturado e consciente do processo de inclusão.
fonte: http://www.ama-ba.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=37&Itemid=3