Os resultados de estudos científicos para investigar os efeitos da dieta SGSC na melhoria dos sintomas ainda são preliminares, uma vez que seria necessário ainda um maior número de participantes, bem como controles mais rigorosos da adoção da dieta pelos participantes e medidas diagnósticas padronizadas dos sintomas para que conclusões mais definitivas possam ser tiradas. Seguem abaixo os principais resultados:
Em um estudo conduzido em 2003, o qual envolveu 50 crianças com autismo, revelou (através de análises sanguíneas) que um número significativo destas crianças tinham anticorpos contra o glúten (gliadina) e a caseína (ou seja, havia uma reação auto-imune na presença destas substâncias)
- Em outro estudo envolvendo 20 participantes, demonstrou-se que embora mudanças tenham sido observadas nos dois grupos, o grupo de crianças autistas que adotou a dieta SGSC apresentou melhorias significativas no comportamento, cognição não verbal e coordenação motora em relação ao grupo de crianças que adotaram uma dieta padrão (com gluten e caseína).
- Finalmente, um estudo publicado no Journal of Autism and Related Disorders envolvendo 13 crianças e controles mais rigorosos analisou os efeitos da adoção da dieta por 12 semanas. Este estudo mostrou que, embora tenham sido observadas melhoras pontuais na linguagem e comportamento, não houveram diferenças significativas quando se comparam os sintomas do grupo de crianças seguindo ou não a dieta. É interessante notar, no entanto, que 7 das 13 famílias que participaram do estudo (e adotaram a dieta SGSC) notaram melhorias nos sintomas, diminuição da hiperatividade, melhoria na linguagem e menor frequência de comportamentos repetitivos, as quais, por seu caráter mais subjetivo, não foram consideradas pelos pesquisadores na análise dos resultados. Os autores reconhecem que um período mais longo do que 12 semanas possa ser necessário para que as melhorias se tornem mais aparentes.
Embora os resultados científicos ainda sejam preliminares e mais estudos ainda sejam necessários, a dieta SGSC possa ser uma possibilidade promissora de tratamento, porém as famílias e profissionais devem avaliar com muito cuidado todos os prós e contras da adoção da dieta antes de implementá-la:
- A família terá condições de proporcionar à criança os alimentos sem glúten e sem caseína, frequentemente mais caros?
- Há compromisso, de pelo menos um dos familiares, de manter registros precisos da alimentação do portador e possíveis mudanças nos sintomas?
- Será possível manter a adoção rígida da dieta pelo portador em casa, e mesmo fora dela (como por exemplo na escola, em viagens, etc)?
- Qual o estado de saúde da criança? Como este será monitorado (isto é importante, pois há registros de perda óssea e deficiências de aminoácidos em crianças que seguiram a dieta SGSC, indicando que o estado nutricional da criança deve ser acompanhado e em alguns casos, suplementos nutricionais e vitamínicos possam ser administrados pelo pediatra e / ou nutricionista)
- · A criança tem um repertório alimentar já restrito o qual, se limitado ainda mais pelo dieta, poderia comprometer seu estado nutricional?