Autismo
Autismo e inclusão escolar - Duas visões
 
 
 
Artigo publicado na seção Tendências/Debates do jornal Folha de S.Paulo em 28/03/2012 
INCLUSÃO NA ESCOLA, UM RELATO PESSOAL
Quando digo que meu filho tem necessidades especiais, a vaga some. Ele sofrerá bullying, diz a diretora. "Mas isso não é errado?", ele responde. Não recebe resposta 
Maria Gabriela Menezes de Oliveira 
Será  que estou redescobrindo a roda? Quanto mais o Enem se fortalece como  instrumento de avaliação e como meio de ingresso no ensino superior,  menos vagas sobram para as crianças com necessidades especiais no ensino  médio regular e no final do ensino fundamental. 
Essa  convicção se apoia na lógica e na sensibilidade de mãe de um  adolescente de 16 anos com necessidades especiais que, como muitas  outras, peregrina por escolas privadas em busca de quem aceite o seu  filho. 
Não  tenho problemas com o Enem como exame: a adesão é voluntária, como foi  voluntária a opção das universidades federais em adotá-lo. 
Ele  é o culpado pela exclusão de crianças e adolescentes com necessidades  especiais? Não, ele é apenas mais um ingrediente no prato já bastante  indigesto da inclusão nas escolas. Vivemos em uma sociedade competitiva.  Conforme mais alunos são admitidos em boas universidades, melhor fica a  imagem da escola onde eles estudaram, fazendo com que elas aceitem  menos alunos com necessidades especiais. 
Além disso, quanto custa para o professor e a para a classe ter alguém com necessidades especiais estudando no mesmo ambiente? 
Depende.  Do ponto de vista humanitário, nada. Ao contrário, os alunos ganham  porque aprendem a conviver e a respeitar o diferente. 
No  entanto, é verdade que o custo depende da qualificação do professor e  da escola. Meu filho, por exemplo, tem síndrome de Asperger (transtorno  do espectro autista) e epilepsia refratária (crises epilépticas  recorrentes). Ele exige, assim, o esforço e o trabalho conjunto de  vários profissionais. 
Quando  entro em contato com as escolas, sempre pergunto primeiro se há vaga  para o ano em que meu filho está. Respondem que sim. Então completo:  "ele é aluno de inclusão". A vaga some. 
Em  minha peregrinação, deparei-me com uma série de situações. Em uma  delas, o dono da escola me recebeu dizendo que não tinha condições e  indicou uma escola inclusiva. Lá, quase todos os alunos têm necessidades  especiais - é, portanto, uma escola exclusiva. 
Como  os psicólogos e médicos de meu filho sugerem que ele tenha um  referencial de relacionamentos sociais normais, procurei outras escolas.  Em uma delas, a coordenadora pedagógica, com a segurança que os casos  de síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo leve permitiam, disse  que meu filho teria vaga na sua escola. 
Na  véspera do inicio das aulas, porém, fui avisada de que meu filho tinha  sido rejeitado. As razões: ele sofreria bullying, não daria conta do  conteúdo e os professores não o queriam na sala de aula. 
Trata-se, como se vê, de uma peneira perversa e intolerante, que só inclui os eleitos. 
O  evento afetou muito meu filho, que assistiu a tudo. Ao ouvir a  referência ao bullying, ele perguntou: "Mas não serão eles os errados se  fizerem bullying comigo?" Nada ouviu como resposta. 
Os professores estão capacitados para lidar com a variedade de transtornos do desenvolvimento que existe? Definitivamente não! 
No  currículo dos cursos de licenciatura em pedagogia, existe a disciplina  de educação inclusiva. Mas só isso basta para um professor enfrentar uma  sala com alunos de inclusão? Não - embora seja louvável a existência da  disciplina de Libras (Língua Brasileira de Sinais), obrigatória na  formação dos professores. 
Como  fazer então valer um preceito constitucional? Não sei, sou apenas uma  mãe. No entanto, convido ao debate os profissionais da área da educação,  da saúde, do direito, do governo, e nós, pais e mães. 
É  preciso que todos juntos busquemos meios para que os direitos desses  nossos pequenos cidadãos serem respeitados agora, enquanto estão em  formação, para que eles possam exercer a plena cidadania quando adultos.  
Enfim  matriculei meu filho em uma escola de muitos alunos, com e sem  necessidades especiais. Não sei se, por lá, ela vai conseguir evoluir  até o limite de sua capacidade. Mas ele foi acolhido por todos. É disso  que uma criança vítima de rejeição crônica também precisa para ser feliz  -embora a permanência na escola seja uma outra questão. 
MARIA  GABRIELA MENEZES DE OLIVEIRA, 49, bióloga com doutorado em  psicobiologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é  neurocientista e professora da mesma universidade.
fonte: http://avidadomeufilho.blogspot.com.br/ 
 
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