1- Impacto das PEA na família
2- Intervenção na Família 
3- Como lidar com uma criança com PEA em casa? Estratégias para Pais
  
  
  Importância da família
         A família é o primeiro e o mais importante contexto para o crescimento físico e psicológico da criança. As famílias são consideradas as primeiras instituições educativas das crianças, visto que é no seio delas que se inicia o processo de socialização. Logo, cabe à família integrar a criança na sociedade, funcionando, também, como meio cultural de crescimento e bem – estar. 
       Brofenbrenner  (1992) defende um modelo ecológico, pelo qual há uma relação dinâmica e  recíproca entre o indivíduo em desenvolvimento e os contextos que se  relacionam com ele (familiar, social, económico e cultural). Daí que se  houver uma falha num dos contextos, todos os indivíduos da família são influenciados por essas alterações.
  
     Família e a Perturbação do Espectro Autista
         O  nascimento de uma criança autista precipita, automaticamente, na  família a ideia de que a “criança sonhada” já não existe e que surgiu,  no seu lugar, uma criança diferente. (Marques, 2000)
       Num  primeiro momento, após a confirmação do diagnóstico, assistindo-se,  assim, um choque e depressão, traduzidos por uma nítida consciência de  perda e uma acentuada diminuição de auto-estima, surgindo-se em muitos  casos, sentimentos de negação.  
        A  perda do bebé idealizado e o nascimento de um bebé diferente arrastam  uma sequência de fases de comportamento parental que habitualmente se  inicia com atitudes de apatia, incredulidade, sensação de desapontamento  e de impotência, alterações físicas e emocionais e, numa última fase,  ainda dolorosa, as expectativas vão desaparecendo gradualmente.  Assiste-se, também, a uma “chuva de sentimentos” como a desilusão, a  raiva, o protesto, a desconfiança, a culpa, entre outros, até que,  progressivamente, procede-se ao ajustamento familiar do novo membro.  Essa atitude conduz a uma aceitação, digamos que natural, dependendo  também da forma como a família se adapta à deficiência da criança.
       Quando  começam a surgir os primeiros sintomas de autismo, confirmados por um  diagnóstico, a angústia torna-se inevitável. A seguir vem o receio e o  medo face à dificuldade em lidar com esta situação. O autismo é a  patologia que, provavelmente, cria mais dificuldades e mais dúvidas nos  pais, visto que têm de enfrentar desafios muito específicos. Na  realidade, trata-se de uma perturbação ao nível da relação social e da  comunicação, conduzindo um maior desequilíbrio da relação pais/filhos.  
       “Falamos  de crianças que podem manifestar um comportamento permanentemente  inadequado, às horas das refeições, na escola ou numa saída com a  família. São crianças com um invulgar nível de actividade, que exigem  uma atenção e uma supervisão reforçadas, ou seja, são crianças com  sérios problemas de comunicação e de interacção. Em suma, falamos em  crianças que suscitam, nas suas famílias, elevados níveis de ansiedade,  preocupação e instabilidade. “ (Marques, 2000) 
       O  mecanismo de culpabilização e auto – atribuição das causas da patologia  do filho pode, posteriormente, conduzir a uma espécie de super –  protecção, decorrente da sub – valorização das capacidades da criança. 
        Por  norma, há um período em que os pais se isolam com os filhos, evitando  contactos sociais, como que se envergonhando do comportamento da criança  e receando a incompreensão dos outros. Entretanto, vem o pânico que  decorre de uma sensação de desorientação, perante a incapacidade de  lidar com a situação. “Porquê eu?”. É uma pergunta sem resposta, reflexo  da revolta e da raiva dirigidas contra si mesmo, contra a criança ou  até contra o destino, a má sorte ou até entidades de ordem  transcendental. 
       No  entanto, com o tempo, os pais vão procurando interiorizar a situação.  Aquilo que começa por parecer uma esperança razoável de cura pode mais  tarde evoluir no sentido da participação social, de auto – determinação e  da auto – estima – por outras palavras, evoluir para a esperança de que  a criança pode viver uma vida feliz, produtiva e com significado, a  qualquer nível que seja (Ruble e Dalrymple, 1996).
       A  família tem de ser capaz de adaptar o ciclo de vida normal, assim como,  as dificuldades e incapacidades que resultam da problemática que o  espectro do autismo origina. 
       Apesar  de estas crianças serem, realmente, diferentes, lembre-se que a culpa  de terem nascido assim não é delas! Elas estão sempre presentes embora  não consigam transmitir afectos, sentimentos, emoções… A sua criança  precisa de si e de todos os que a rodeiam, por isso, devemos ter muita  paciência, pois ela merece ser recebida de “braços abertos”, mesmo com o  seu mundo desconhecido. Aceite a sua criança tal como ela é, e  lembre-se que apesar de tudo ela é um ser muito especial.
  
2- Intervenção na Família 
     Quando  uma família se defronta com circunstâncias especiais, promotoras de  alterações nas actividades da vida diária e no funcionamento psíquico  dos seus membros, depara-se com uma sobrecarga de tarefas e exigências  especiais que podem suscitar condições potencialmente incitadoras de  stress e tensão emocional. 
    
 As  emoções e a excitação fisiológica derivadas de situações stressantes  são altamente desconfortáveis, motivando o indivíduo a fazer algo para o  seu alívio (Smith & Bem, 1995; Lazarus & Folkman, 1984). O  coping é uma forma de reacção peculiar que as pessoas desenvolvem para  lidar com contrariedades, em consonância com a sua cultura, sociedade e  época, atenuando os aspectos negativos do stress. As estratégias de  coping, permitem assim desenvolver habilidades para o domínio e  adaptação, da família, em relação a situações de stress. Este poderá ter  duas funções: centrado no problema, quando modifica as relações  interpessoais e o ambiente, e centrado na emoção, cujo intuito é adequar  a resposta emocional ao problema (Savóia, 1999). Famílias de crianças  com Perturbação de Espectro Autista padecem frequentemente de  sentimentos como stress, uma vez que esta perturbação é bastante difícil  de assimilar por parte dos familiares, principalmente dos pais da  criança com espectro autista. As estratégias de coping, são uma  mais-valia para lidar com este tipo de situações, uma vez que  possibilitam o controlar deste tipo de sentimentos e atitudes negativas  consequentes de um estado emocional descontrolado.      A  intervenção terapêutica em crianças com Perturbação de Espectro Autista  deverá, como todas as outras, envolver a respectiva família. O trabalho  com esta deverá prosseguir paralelamente, trabalhando ao nível do  restabelecimento da sua auto-estima, uma vez que esta é bastante abalada  em situações como a reportada. 
     É  fulcral uma intervenção baseada num modelo transaccional. Este defende  que o desenvolvimento da criança resulta de um processo dinâmico, que  envolve a criança, a família e o meio. Entende-se que a “ a criança e a  família são elemento
s  activos de um sistema dinâmico, que se mantêm por influências  circulares. Numa situação de doença/deficiência, pais e crianças  constroem um contexto para a expressão da doença/deficiência. Esse  contexto, as atitudes e a interacção da criança com a família são  definidos pelo código familiar” (Marques, 2000, p. 102).      Segundo  Marques (2000), esta intervenção implica três acções: “ a acção  remediativa, que aposta na mudança do comportamento da criança, a acção  de redefinição, que se centraliza na modificação da forma como os pais  interpretam o comportamento da criança, e a acção de reeducação, cuja  pretende a alteração e o desenvolvimento de respostas alternativas por  parte dos pais”. 
     Existem ainda, baseados nos modelos de intervenção de natureza cognitivo-comportamental, os Modelos Portage e Teach. 
     O primeiro é um modelo de  educação precoce dirigido aos pais de crianças com Necessidades  Educativas Especiais. O objectivo é dotá-los de competências que lhes  permitam ajudar os filhos a potencializar ao máximo as suas capacidades.  É necessário efectuar o levantamento das necessidades familiares bem  como arranjar soluções para as mesmas. Neste modelo de intervenção, os  pais são envolvidos desde o primeiro momento no processo de selecção das  áreas de intervenção. A filosofia de base é tornar os pais mais  competentes para lidar eficazmente com os problemas do seu filho  (Marques, 2000). No entanto, este modelo parece atribuir uma função  demasiadamente pedagógica aos pais para a qual seria necessário  aprenderem a estimular respostas adaptativas e a inibir/extinguir  comportamentos disruptivos. 
     Assim,  há uma espécie de negociação entre as prioridades dos pais e os  objectivos que o técnico considera que é importante atingir. Em casa é  deixado um quadro de referências, recomendações e metas a atingir (que é  revisto em cada sessão).
     Relativamente  ao segundo, o modelo de Teach, este foi especialmente concebido para  ser utilizado em crianças com perturbações do espectro autista. Poderá  ser utilizado tanto na escola como em casa. A ideia principal deste  modelo incide no auxílio de pessoas com autismo e respectivos  familiares, de modo a atenuar alguns comportamentos mais característicos  desta patologia. 
 
      Como foi referido anteriormente, o envolvimento familiar é deveras  importante na intervenção, uma vez que permite procurar novas  alternativas de resposta aos problemas das crianças. Porque, mais  importante do que intervir numa criança com Perturbação de Espectro  Autista é possibilitar a generalização dessa mesma intervenção. Só  assim, a criança conseguirá ter um desempenho ocupacional, no que lhe é  mais significativo, que lhe permita atingir a sua máxima autonomia e  independência, os seus objectivos e, o mais importante, ser feliz.
  
  
3- Como lidar com uma criança com PEA em casa? Estratégias para Pais
      ♦  A criança com PEA sente-se mais segura quando há ordem e estrutura.  Estabeleça rotinas para o dia-a-dia da criança (hora específicas para o  banho, refeições, brincar, deitar, etc.). Avise quando vai existir uma  mudança nessas rotinas. Reduza os estímulos distractores durante estas  actividades;
      ♦ Em  primeiro lugar, explique sempre ao seu filho o que vai fazer e  assegure-se que ele lhe presta atenção e que o entendeu. Mesmo as  crianças não verbais entendem apesar de não mostrarem que compreenderam.  Explique gestualmente o que pretende;
      ♦ Dê  instruções simples e directas, com frases curtas. Dê o tempo que o seu  filho necessita para que processe toda a informação. Fale com calma e  tenha paciência. Não o pressione. Mesmo que pareça que ele não o está a  escutar, ele está lá
      ♦ Faça perguntas específicas, sem duplos sentidos. Não utilize ironia, sarcasmo ou metáforas;
      ♦ Recorra a estímulos visuais. Por exemplo, cartões ou livros com imagens podem ajudá-lo a comunicar com o seu filho;
      ♦ Mantenha todas as divisões da casa organizadas: arrumadas e com os objectos nos mesmos locais;
      ♦ Tente agir sempre da mesma forma perante uma dada situação, seja coerente nas regras que estabelece;
      ♦ Procure  identificar o que motiva as crises de auto-agressão de forma a poder  antecipá-las (ex. stress, medo, estimulação excessiva, situações  confusas, etc.). Quando ocorrem estas crises pode ser necessário colocar  a criança num ambiente seguro e calmo. Abraçar a criança pode  acalmá-la. Quando se conseguir baixar os níveis de agitação, deve  encorajar o seu filho a regressar ao local onde estava anteriormente;
      ♦ Quando  sai para sítios públicos, evite as horas de maior confusão (por  exemplo, se quer ir ao shopping, prefira ir de manha ou ao inicio da  tarde). Leve objectos do interesse da criança (livros, brinquedos).
      ♦ Reforce os comportamentos adequados.
      ♦ Nunca tente fazer com que o seu filho se sinta ameaçado fisicamente; 
      ♦ Antes de tentar alterar ou eliminar um comportamento desadequado, tente substitui-lo por um comportamento funcional;
      ♦ Lembre-se que se o seu filho não olha directamente para si não lhe está 
a faltar ao respeito;       ♦ As  crianças com PEA apresentam algumas dificuldades no processamento e  integração sensorial, o que vai afectar o desempenho da criança.  Estimule a criança. Seja criativo e tenha em atenção os interesses da  criança. De seguida apresentaremos algumas actividades que podem ser  utilizadas estimular a criança. São dicas gerais, que podem ser  adaptadas para cada criança em particular, tendo em conta a idade e as  características comportamentais da mesma:
           ♦ Brincar em frente ao espelho:  Se puser, um espelho que reflicta o corpo todo da criança. Sente-se  atrás dela e brinque, mostrando o seu cabelo, a sua boca, etc.  Dependendo da criança, será necessário segurar a sua mão e ajudá-la a  colocar as mesmas no corpo. Faça comentários do tipo, olha (cite o nome  dela), olha a mãe/professora. Este exercício ajuda a criar a consciência  do eu e dos outros.
         ♦ Rasgar papel:  Inicialmente é comum ficar atrás da criança e segurar nas suas mãos  para pegar e rasgar o papel. Comece com pedaços grandes e vá diminuindo  aos poucos. Este exercício ajuda na coordenação motora. Entretanto,  pode-se inventar uma brincadeira, como juntar os papelinhos e atirar ao  ar (chuva de p
apel).  
        ♦ Brincar com massa:  Esta brincadeira auxilia a coordenação, mas, normalmente, as crianças  estranham muito. Será necessário insistir passando a massa de um  recipiente para o outro com as mão ou com uma colher.
         ♦ Pintura com as mãos:  Óptimo para estimular, deve mencionar as cores e deixar a criança mexer  à vontade. Os trabalhos realizados devem ser expostos e partilhados com  outras crianças.  
        ♦ Brincar com latas e bolas: Pegue  em três latas de tamanhos diferentes (pequena, média e grande) e faça  um furo na tampa de maneira a passar uma bola pequena. Brinque com a  criança e coloque as bolas nas latas, reforce sempre as palavras  Graaaande, mééédia, pequeeena. Depois empilhe também as latas.
         ♦ Dançar:  Dançar ajuda muito as crianças. Dance com a criança, invente passos,  mesmo que ela pareça não se interessar. Coloque músicas adequadas à sua  idade e chame os colegas para fazer uma roda.
         ♦ Jogar à bola:  Tente jogar à bola, se puder chame alguém para ajudar. Se a criança não  participa, peça para alguém ficar atrás dela e ajudar a pegar e atirar a  bola.
         ♦ Ligar o rádio:  Um ambiente rico em estímulos pode ajudar. Deixe o rádio ligado, não  muito alto, se possível numa emissora que toque boa música, e em  determinados períodos música clássica. É comuns, os autistas terem  preferências por determinados sons, como voz mais grave, como as de  locutor.   
  
Para si…
      ♦ Não  altere as suas rotinas diárias e não se isole. Lembre-se sempre que não  está sozinho pois pode recorrer ao apoio de familiares, amigos,  profissionais de saúde, associações, etc. Seja dinâmico (contacte outros  pais de crianças com PEA, frequente congressos e formações);
      ♦ Pode  procurar informação, mas tenha em atenção que nem o que vê na internet é  verdadeiro. Fale com profissionais sobre o autismo. 
      ♦ Dispense  algum do dia para sim (só 15 minutos pode ser suficiente) e faça algo  que goste (ver televisão, jardinagem, exercício físico, um banho  relaxante)
      ♦ Mantenha  o seu equilíbrio ocupacional (participação equilibrada nas diversas  áreas de ocupação – Actividades da Vida Diária, trabalho e lazer).
      ♦ Não  tenha problemas em pedir ajuda quando necessário. Se se sentir incapaz  do seu filho, procure um profissional (psicólogo, psiquiatra) que pode  ajudá-lo a lidar com as suas emoções.
  
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