5- Integração Sensorial
Integração sensorial é o processo neurológico que organiza a sensação tanto do corpo como do ambiente e torna possível utilizar o corpo de forma efectiva no meio ambiente. Os aspectos espaciais e temporais dos inputs das diferentes modalidades de estímulos são interpretados, associados e unificados. É o processamento da informação… O cérebro deve seleccionar, promover, inibir, comparar e associar a informação sensorial num padrão flexível e constantemente modificado, ou seja, o cérebro tem de integrar a informação. (Ayres, 1989)
O brincar é uma excelente forma de desenvolver a integração sensorial. Desde pequena a criança naturalmente procura as actividades que promovem uma boa integração da informação recebida através dos sentidos. Ao movimentar-se, aprende sobre os limites do seu corpo dentro do espaço que a rodeia. Ao manipular objectos, aprende sobre o seu peso, textura e força que precisa para segurá-los. Toda essa informação é organizada e armazenada, possibilitando que a criança aprenda cada vez mais sobre o mundo em que vive.
Desta forma, as crianças aprendem a integrar os sentidos através de interacções com as pessoas próximas e através de brincadeiras exploratórias. Recebem a informação sensorial que ajuda o cérebro a organizar-se através de actividades como rodar, balançar, correr, pular, bater, tocar, mastigar, apertar e cheirar. A diferença é que crianças com autismo, geralmente, necessitam de fazer estas actividades por períodos maiores e de forma mais intensa, tornando-se mais difícil processar a informação dos seus cinco sentidos.
Segundo Dejean (1999) se a entrada sensorial não for processada e não for organizada, o resultado motor é anormal. Este ciclo continua com mais entradas sensoriais erradas, o que gera uma saída desorganizada. As consequências desse sistema nervoso central desorganizado são as disfunções de integração sensorial.
A criança com disfunção de integração sensorial não pode adaptar-se eficientemente a um ambiente normal, porque o seu cérebro não desenvolveu os processos de integrar as sensações daquele ambiente. Caso o ambiente seja estabelecido apropriadamente, a criança será capaz de integrar sensações que nunca tinha sido capaz de integrar antes. Dada a oportunidade de agir dessa forma, o cérebro organizar-se-á (Ayres, 1995).
Na criança, défices no processamento da informação parecem ter consequências emocionais e frequentemente levam a um défice na adaptação social, dificuldades na relação com os outros, assim como a dificuldades em interpretar as reacções emocionais (Greenspan & Greenspan, 1989).
O tratamento/intervenção tem como objectivo dar oportunidade para a integração da informação sensorial, no contexto de actividades que tenham significado e sejam apropriadas para a criança, facilitando o aparecimento de padrões de movimento de modo a conseguir uma resposta adaptada, facultando, assim, a interacção da criança com o meio. Esta resposta adaptada é a resposta adequada em intensidade e duração a um input sensorial e é a base da integração sensorial. Para que ela ocorra, é necessária uma participação activa da criança na actividade, de modo a promover oportunidades diversificadas de informação sensorial. As respostas adaptadas podem ser motoras e emocionais.
Deste modo, o objectivo da Terapia de Integração Sensorial é facilitar o desenvolvimento das habilidades do sistema nervoso para que este consiga processar os estímulos sensoriais normalmente. A Terapia de Integração Sensorial usa exercícios neurosensoriais e neuromotores para estimular a própria capacidade do cérebro em se reparar. Quando a terapia é bem sucedida pode desenvolver a atenção, concentração, audição, compreensão, equilíbrio, coordenação e até controle da impulsividade nas crianças.
Para cada criança são estabelecidos objectivos específicos de tratamento, incidindo a intervenção nas seguintes áreas: processamento vestibular e proprioceptivo, processamento táctil, planeamento motor, percepção visual, organização perceptivo-motora e mecanismos de integração bilateral.
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