Autismo


Ultrapassado o gigantesco obstáculo de encontrar uma escola que seriamente aceite trabalhar a inclusão, outro surge que é o de essa mesma instituição admitir que a criança seja acompanhada de um Mediador Escolar, profissional treinado que é peça chave na vida pedagógica deste aluno, ajudando-o em suas dificuldades pedagógicas e sociais, agindo como um facilitador na inclusão junto ao grupo social e responsável muitas vezes em manter o bom equilíbrio entre Criança – Escola – Família.
Assim, com o objetivo de transmitir o meu leigo, mas vivenciado, olhar sobre esta importante função, escrevi o texto:

                                                Um olhar sobre a mediação escolar

  Os estudiosos da nossa língua definem mediação como sendo “a interferência destinada a provocar um acordo..., a promover um acerto de conflitos”.
  Transpondo esse pensamento para o processo de mediação escolar me arrisco a dizer, em sentido figurado, que a mediação para a família que a ela recorre, bem como para a criança que dela necessita, é um verdadeiro “oásis na aridez do deserto” de seus cotidianos de dificuldades e atropelos.
  A começar por encontrar uma Instituição de Ensino que verdadeiramente aceite trabalhar na inclusão desta criança portadora de necessidades especiais, sejam físicas ou cognitivas, passando pelo comprometimento dos Professores com o aprendizado desse aluno e, por fim, a aceitação social junto aos demais colegas.
Em linhas gerais, para a família, uma mediação alcançara seus objetivos se souber atuar harmonicamente junto a essas três vertentes: Escola, Professores e Alunos, facilitando a inclusão e o desenvolvimento da criança com necessidades especiais.
  Antes de discorrer sobre essa questão, é bom que fique claro que não tenho a pretensão nem a competência para análises técnicas, trata-se de reflexões sob o olhar leigo, mas vivenciado, de uma mãe.
Isto posto, penso que mediação escolar deve observar as seguintes posturas:
 Quanto à Instituição de Ensino - Se familiarizar e respeitar as regras da Instituição e quando essas colidirem com os interesses da criança ou dificultarem o trabalho de inclusão, a postura do mediador jamais pode ser de confronto e sim de conciliação, fazer valer os interesses do mediado sem que com isso venha a trazer mais atropelos para essa família já tão sobrecarregada. A boa mediação é aquela que soluciona e não cria problemas.
  O mediador deve levar em conta que conseguir uma escola que aceite a mediação já foi, na realidade em que vivemos, um grande obstáculo vencido, por essa razão a postura de confronto é inadmissível, é preferível, em último caso, aconselhar a família a buscar outra Instituição, ou então abrir mão daquele projeto antes de macular o por vezes frágil, mas sempre precioso, equilíbrio família/escola.
  Para quem não vivencia a posição da família pode parecer uma postura covarde e omissa, meio que “cabeça de avestruz enfiada na terra”, mas é preciso que se entenda a realidade da inclusão escolar no Brasil, todas as lutas, todos os percalços a vencer para ter nossos filhos em uma escola regular.
   A minha filha depois de passar por Escola que não compreendia as suas dificuldades ou não estava disposta a ajudá-la, o que a levou aos 4 anos de idade a uma crise de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), tamanho o seu grau de ansiedade, foi, por graça do destino, acolhida em uma das mais conceituadas instituições de ensino do nosso Estado, que se propôs a realizar um processo de inclusão sério, adaptando sua escolaridade frente ás dificuldades. Como resultado temos hoje uma criança de 10 anos de idade, inserida no contexto da Escola, cursando o 4º ano do ensino fundamental, com colegas e amigos de turma que a compreendem e a auxiliam em face dos obstáculos, enfrentando e vencendo seus limites, como grande guerreira dessa estória e acima de tudo feliz.
  Isso para a família não tem preço. Apesar de cumprir com todas as obrigações frente à Escola, como qualquer representante de aluno, ainda sinto que tenho uma dívida de gratidão com a Instituição, embora esta esteja cumprindo uma das obrigações que a legislação específica lhe impõe e que, infelizmente, é raramente observada. Quando eu perguntei se poderia citar aqui o nome da Escola, sua dirigente foi bastante sincera ao me dizer que, embora orgulhosa do trabalho desenvolvido, seria melhor não mencionar porque poderia haver uma corrida de pais com crianças na mesma situação e a Escola não teria como acolher a todos, mesmo porque não é o objetivo principal da Instituição.
  Triste, não é? O que é necessário para que cada escola regular faça sua parte? Não era para ser assim, percebem? Eu, minha família e, principalmente, minha filha ganhamos na loteria, daí a nossa dívida de gratidão. O que deveria ser regra, observada por todo o sistema de ensino no Brasil, virou a exceção da exceção.
 Quanto aos Professores – Um erro muito comum no processo de inclusão escolar, é o professor achar que, porque aquele aluno tem mediação, ele não precisa dele se ocupar, passando a tarefa de ensinar e orientar a ser exclusiva do mediador. Essa postura tem de ser rapidamente esclarecida pelos pais, pela escola e pelo mediador junto ao professor, sob pena de comprometer o sucesso do processo de inclusão por afastar aquele aluno da integração com os demais, que é um dos principais objetivos a serem alcançados. A batuta dessa orquestra é do professor, cabe a ele a orientação, o aprendizado e a integração do grupo indistintamente. O mediador age sob as coordenadas de ensino do professor, ou seja, quem vai ensinar o método, por exemplo, de multiplicação àquele aluno é ele. Ao mediador cabe o auxílio nas dificuldades, como, por exemplo, capturar a atenção e organização do raciocínio que o aluno precisa ter.
  Este ponto deve ficar bem claro para as partes, o mediador não é o professor. O aprendizado do aluno continua sendo deste último, e ao mediador, com o conhecimento e a prática de sua formação diversa, cabe atuar junto ao aluno facilitando e minimizando ao máximo as dificuldades e diferenças que possam existir em relação ao que foi proposto.
  Um bom equilíbrio nesta relação professor/ mediador facilita a adaptação da escolaridade. A troca de ideias, estratégias, novas adaptações, geram ganhos de experiências, ensinam a lidar com inusitado, com o diferente e, principalmente, traz o retorno de ver que a evolução e a alegria daquele aluno é fruto do trabalho competente de uma equipe harmônica.
  Acredito que para o educador é como alcançar um objetivo maior, fazer a diferença em uma estória de luta, dificuldade e superação.
 Quanto aos Alunos – Este é um capítulo à parte, especial mesmo, aqui a função do mediador deve se fazer presente de forma mais efetiva, portanto, é de importância vital para o sucesso da inclusão.
Inserir este aluno no contexto dos seus colegas. Fazê-lo entender as regras do convívio com o outro e ser por este entendido é o cerne de todo o processo.
  Costumo dizer que o aluno em inclusão ou escolaridade adaptada não está na escola para fazer parte das estatísticas do vestibular, mas para vencer os próprios limites e a reboque ensinar, com sua luta, o respeito que o outro deve ter às diferenças, a oportunidade de tirar proveito do inusitado, de aprender o novo e crescer, quem sabe, com uma forma diferente de ver as coisas, a vida. A evolução da humanidade está aí para comprovar a grandeza enriquecedora dessa experiência.
  O mediador atento à importância dessa integração usa seus conhecimentos profissionais para fazer esta interface e com isso incluir a criança ou jovem no convívio escolar harmônico, engrandecendo também os demais, tornando-os pessoas mais preparadas e antenadas com esse nosso mundo globalizado.
  Por essas razões é que a função de mediador não pode ser exercida por qualquer um. Deve ser investida por profissional cursando ou com graduação correlata, de preferência que tenha feito curso de mediador, para que esta atividade, tão importante no processo de inclusão escolar, não venha a ser confundida ou mesmo banalizada como um mero cuidado físico, involutiva e não evolutiva na questão da inclusão.
  O profissional mediador não é babá, ele é interface fundamental na inclusão escolar.

Roberta Haude



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