Como muitas mães e pais de autistas ao redor do mundo inteiro, eu gosto de ler sobre autismo, estudar e estar a par de todas as pesquisas falando sobre o tema. Participo de vários grupos de trocas de e-mails e visito páginas e blogs diariamente que tratam sobre o tema, sempre em busca de atualização e respostas de todos os tipos sobre o autismo. Os estudos que mais me interessam são referentes a parte médica da desordem. Quando acompanhamos as notícias que pipocam na mídia todos os dias, verificamos que elas são tão abrangentes como o próprio autismo, relatam descobertas ou na maioria das vezes, relatam constatação de problemas na área genética, imunológica, gastrintestinal, celular, cerebral... sem levar a lugar algum ou mostrar soluções efetivas que contribuam com o bem estar do autista, que aponte com precisão a origem do distúrbio ou que mostre caminhos para remediar, tratar ou prevenir a síndrome.
A anos acompanhando diariamente as notícias, li alguns artigos falando sobre a falta de vit. D em gestantes como possível aumento de risco de desenvolvimento de autismo em bebês, a incidência aumentada em famílias mais ricas em relação a famílias pobres, a regiões e países frios ou chuvosos e baixa incidência de exposição solar... mas tudo sempre muito vago, sem ligar uma coisa a outra ou ir a fundo nas explicações do porque estes dados seriam importantes. Não dei a mínima importância, afinal, que raios uma vitamina que tem a ver com os ossos estaria implicada no autismo?!
Mas a uns 5 meses atrás quando comecei a tomar conhecimento das novas investidas do Dr. Jefff Bradstreet através do seu blog numa proteína chamada GcMAF, passei a ler cada vez mais sobre o assunto que acaba levando a vitamina D e a cabeça foi fervilhando com tanta informação. Um artigo foi puxando a outro e mais outro e mais outro ... uau! Quanta informação importante! Dr. Bradstreet, um médico DAN dos mais requisitados e com vasta experiência, diz que esta descoberta envolvendo o autismo é o que lhe aconteceu de mais importante nos últimos 15 anos!
E eu fiquei muito surpresa em descobrir que a vitamina D exerce controle sobre o sistema imunológico inato e adquirido, a sulfatação, a expressão genética, a resposta a todo tipo de fator ambiental, o crescimento celular com a diferenciação de células e a apoptose ... simplesmente tudo o que vemos envolvido no autismo.
O meu objetivo com estas postagens que serão divididas porque o assunto é extenso, é organizar as idéias envolvendo todos os tópicos da vitamina D e suas implicações no autismo, gerar informação para que possamos juntos com nossos médicos, chegar a formas efetivas de tratar nossas crianças e contribuir para a melhora das suas qualidades de vida. De forma alguma quero transformar a vitamina D numa panacéia curadora de todos os males, mas contribuir de alguma forma para que seu valor e importância no caso seja reconhecido e direcionado de acordo.
Então vamos começar pelo começo: os trabalhos do Dr. Bradstreet com a GcMAF.
Não sei como e nem por quê o Dr. Bradstreet começou a testar seus pacientes autistas para medir os níveis de nagalase. Nagalase é uma enzima secretada por células cancerígenas. Esta enzima inibe a proteína receptora de vit D que ativa os macrófagos, a GcMAF, de forma que o sistem imunológico não reconheça o perigo deixando-as livres para se proliferarem. Talvez o Dr. Bradstreet tenha tido o insight de testar seus pacientes autistas porque além de células cancerígenas, vírus, bactérias e fungos também segregam esta enzima nagalase provocando o mesmo mecanismo de inativação de macrófagos. Sabemos que vírus, bactérias e fungos estão intimamente ligados ao autismo. Vírus liberam esta enzima nagalase como uma substância paralisante que permite não resistência para a sua entrada na célula minando a reação imunológica e permitindo a permanência do estado viral.
Com 400 pacientes testados, 80% deles apresentaram altas taxas de nagalase, o mesmo índice de pacientes com câncer e aids! 80% destes pacientes também apresentam baixos índices críticos de vitamina D.
GcMAF e Vit D:
A Proteína Derivadora de Ativação de Macrófagos, também conhecida comoProteína Ligadora de Vitamina D (VDBP),é produzida naturalmente nonosso fígado, em seguida,secretadapara a corrente sanguínea.Uma dasmuitas funções daGcMAFé doarumdos seusmuitos açúcaresparaum macrófago, que,por sua vez,irá tornar-seativado. Macrófagos (do grego: grande comedor) são células do sistema imunológico responsáveis por destruir, comer elementos patogênicos e estranhos ao corpo além de restos de células mortas, num processo conhecido como fagocitose. No cérebro estas células são chamadas de micróglias. Com a proteína ativadora desses macrófagos imobilizada pela nagalase, o cérebro torna-se susceptível a todo tipo de danos por substâncias que não deveriam estar lá.
Neste vídeo tem uma explicação simples de como a GcMAF é desativada por patógenos que ataca as suas moléculas de açúcar:
A GcMAF ou VDBP anda de braços dados com a vitamina D: quanto mais vitamina D, mais VDBP. Deficiência ou níveis insuficientes de vitamina D, níveis insuficientes de VDBP ou GcMAF que ainda na presença de vírus, bactérias ou fungos não os combaterão.
Todas as células cerebrais possuem receptores de vitamina D. Nosso corpo é uma máquina perfeita e certamente ela deve ser muito importante para a regulação das funções cerebrais.
Nesta palestra do Dr. Carlos Pardo ele explica o sistema imunitário cerebral e o papel das micróglias. Por ser um latino falando inglês, é fácil de entender sua palestra, para quem sabe inglês claro, já que a palestra não apresenta legendas.
Bactérias intestinais produzem uma certa quantia de nagalase. É normal apresentarmos níveis inferiores a 0.8. Este nível é considerado para bactérias probióticas que as produzem para se manterem vivas e livres de serem destruídas pelos macrófagos. O interessante é que mães de autistas também apresentam níveis anormais de nagalase. Como sabemos que cerca de 90% das mulheres atualmente apresentam disbiose intestinal, muito provavelmente estes altos índices estão vindo da presença de bactérias patogênicas. Então aqui já temos dois fatores de risco para nosas crianças: - Baixos níveis de vitamina D na vida intrauterina com sequência na 1ª infância e flora bacteriana anormal herdada pela mãe.
Assim como a nagalase permite a proliferação de células cancerígenas, no caso de nossas crianças ela está certamente mantendo a inflamação cerebral. Daí, concluí que a nagalase pode ser um importante biomarcador de inflamação cerebral.
A estratégia do Dr. Bradstreet é suplementar com GcMAF, sim ela pode ser feita em laboratório e, trazer os níves de nagalase a níveis normais utilizando uma proteína que o próprio sistema imunológico fabrica para se defender. Isto indicaria que o sistema imunológico estaria trabalhando corretamente se livrando dos patógenos, se livrando da inflamação e enviando os sinais corretos para o restante do sistema. A partir daí ele trabalha com trasplante de células tronco na tentativa de recompor os danos que já foram causados.
Este tratamento é caro, experimental, complicado e ninguém sabe no que vai dar, apesar das crianças estarem apresentando respostas satisfatórias. São tentativas de pôr as coisas no rumo. É praticamente inviável para a maioria das pessoas:
- A nagalase só é testada num laboratório na Holanda com filial em New Jersey nos EUA;
- A GcMAF só é vendida na Europa (Holanda) por 660 euros para uma média de 8 aplicações;
- A GcMAF é altamente susceptível a temperatura ambiente o que gera um grande risco no transporte para locais distantes;
- Não temos médicos qualificados para acompanhar o tratamento. Só quem está aplicando este tratamento no autismo é o Dr. Bradstreet.
- A resposta ao tratamento depende da expressão genética dos genes VDR, dependendo das mutações apresentadas pelo paciente é que serão calculadas as doses que deverão ser utilizadas. Isto implica num teste genético de nutrigenoma, só feito nos EUA, o que significa mais um gasto e de acordo com o resultado, o tratamento pode quadruplicar as despesas de medicação.
Mas... podemos aproveitar boa parte de toda essa história:
- A vitamina D é crucial para o desenvolvimento saudável e prognóstico de nossas crianças. É importante suplementá-la na gravidez e mantê-la em níveis adequados. Há uma grande discussão ainda entre os médicos do que seriam estes níveis óptimos, mas vale a pena se esforçar para descobrir. Os mais comedidos falam entre 50ng/ml a 80ng/ml e os mais entusiastas falam entre 60 e 160ng/ml;
- A GcMAF é produzida pelo fígado. Muitas de nossas crianças estão com o fígado sobrecarregado por deficiência de glutationa, problemas com desentoxicação e sulfatação. Cuidar do fígado e mantê-lo saudável, seria então de extrema importância no autismo;
- Exstem dezenas de tratamentos biomédicos disponíveis e muitas vezes eles são necessários até mesmo para clarear a situação e perceber qual o grande problema da criança, mas não devemos nos distanciar do foco: o que estaria gerando todos os sintomas da encefalopatite autística seriam: vírus, ou bactérias ou fungos, ou até mesmo, tudo junto!
- De acordo com o Prof. Marco Ruggiero, o aspartame pode interromper a função da GcMAF, assim como os corantes carragena E407 e E407a;
- Vitamina C ou curcúma ajudam a implementar o sistema imunológico;
- Faça uma alimentação que beneficie o seu sistema imunológico: alimentação fresca e saudável rica em lipídeos. Fique longe de açúcar, amidos, grãos. Uma dieta alcalina ajuda muito.
Kent Heceknlively, pai de uma menina com autismo que contribui com artigos para o blog "Age of Autism", relata uma experiência muito interessante com sua filha: Ela não é paciente do Dr. Bradstreet, mas em maio de 2001 ele fez o exame para testar sua nagalase já que ele estava desesperado com uma série de convulsões intensas, ela apresentou um resultado de 3.3 (normal seria entre 0.35 a 0.95). Para controlar as convulsões, eles iniciaram a dieta cetogênica. As convulsões diminuíram em 80%, as fezes se normalizaram e ao retestar a nagalase 4 meses depois, os níveis tinham baixado para 1.7, ainda alto, mas com uma grande queda em pouco tempo. Isto levou-o a concluir que uma dieta baixa no consumo de carboidratos exerce controle sobre a carga viral.
Concluindo, mesmo que não tenhamos acesso ao tratamento do Dr. Bradstreet, podemos através das soluções apresentadas, diminuir ou até mesmo cessar o impacto inflamatório no cérebro de nossas crianças.
Referências:
O que é GcMAF: http://www.gc-maf.de/en/what-is-gcmaf.html
Informações sobre tratamento com GcMAF: http://www.gcmaf.eu/info/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=18&Itemid=23
Vit D e Câncer: http://www.naturalnews.com/031577_vitamin_D_scientific_research.html
Vitamina D e seu papel no sistema imunológico: http://www.fasebj.org/content/15/14/2579.full
Blog do Dr. Bradstreet: http://drbradstreet.org/
Blog Age of Autism: http://www.ageofautism.com/2011/10/dr-bradstreet-nagalase-and-the-viral-issue-in-autism.html
Vit D, Autismo e doenças da civilização moderna: http://www.wholefoodsmagazine.com/columns/vitamin-connection/new-research-vitamin-d-part-5-vitamin-d-autism-and-other-childhood
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