Qual a origem do Snoezelen?
      Em  clínicas, para pessoas com deficiências intelectuais na Holanda, no  final da década de setenta, tiveram origem alguns dos fundamentos do  Snoezelen. A sua origem deve-se, essencialmente, a Jan Hulsegge e Ad  Verheul, que trabalhavam, na altura, com pacientes portadores de  problemas intelectuais, no Instituto De Hartenberg. Estes criaram,  essencialmente, para facilitar aos seus clientes oportunidades de  relaxamento e divertimento, longe das pressões e exigências do meio  clínico, ambientes multisensoriais. Ambientes esses que eram ricos em  experiências que estimulavam, de uma forma calma, organizada e  controlada pelos clientes, os sentidos dos mesmos. Neles encontravam  projectores, objectos de diversas texturas e cheiros, simples objectos  musicais, etc. Eram ambientes relaxantes e seguros, onde estes se  sentiam à vontade. Começaram então a verificar, por exemplo, que os  indivíduos que apresentavam comportamentos provocadores e agressivos,  mostravam redução destes mesmos comportamentos; comprovaram ainda que  pacientes com défices cognitivos e comunicacionais graves mostravam,  pela primeira vez, alguma resposta a estímulos exteriores. Desde então, o  Snoezelen desenvolveu-se, realizaram-se diversos estudos e actualmente é  utilizado por todo o mundo, em todas as idades, principalmente como uma  terapia, mas também, por exemplo, como relaxamento. São  maioritariamente salas brancas, com diverso material e mobília próprio  para a criação de ambientes multisensoriais, (desde a sua origem, o  desenvolvimento de tecnologias para Snoezelen foi enorme) em  instituições cujos clientes possam beneficiar da utilização destas.
Snoezelen e as Perturbações do Espectro Autista
     Podemos  compreender então que, geralmente, numa sala de Snoezelen, os  indivíduos, de qualquer idade e condição de saúde, consigam mais  facilmente controlar os estímulos que lhes acedem e responder a esses  mesmos estímulos.
      Indivíduos  e crianças com uma Perturbação do Espectro Autista (PEA) têm,  frequentemente, problemas de integração sensorial, isto é, não organizam  ou avaliam correctamente os estímulos sensoriais que o meio lhes  fornece. São também crianças que apresentam por vezes ausência da  consciência do perigo, talvez por incompreensão das situações, e que  desenvolvem muitas vezes, contraditoriamente, medos inexplicáveis por  situações e objectos normalíssimos.
         Tendo  em conta estas e várias outras características das crianças com PEA,  podemos compreender a relevância que o Snoezelen pode apresentar para  elas. Existem, actualmente, diversos estudos que informam de resultados  positivos sobre esta terapia. Entre os projectos que fazem convergir o  Snoezelen e o Autismo encontra-se o MEDIATE, (Multisensory Environment  Design for an Interface between Autistic and Typical Expressiveness)  dirigido por Simone Gumtau, Paul Newland, Chris Creed e Simon Kunath do  “Centre for Responsive Environments” e “School of Art, Design &  Media”, da Universidade de Portsmouth, Reino Unido. Este projecto tem  como objectivo a idealização e construção de um espaço multisensorial,  interactivo e inteligente, de forma a permitir à criança com Autismo a  criação de expressões das suas experiências sensoriais, para que aqueles  que a rodeiam possam, de uma maneira mais eficaz, c
ompreender o que se passa no “seu mundo”.        Este  ambiente envolve uma complexa infra-estrutura composta por várias  partes, que interagem com a criança, essencialmente, pela visão, audição  e tacto. A criança recebe assim feedback visual, táctil e auditivo  consoante o seu movimento e sons que produzir. Entre os vários  componentes estão incluídos ecrãs que reagem de acordo com o toque e com  as posturas corporais assumidas pela criança (graças a várias câmaras),  sistemas de microfones que detectam sons produzidos (fazendo ecoar  alguns, por exemplo), estruturas numa das paredes que vibram quando  pressionadas (input táctil e proprioceptivo), o próprio chão que emite  sons “crocantes” como consequência dos passos da criança, etc. Para não  encorajar os comportamentos repetitivos apresentados por alguns  autistas, todo o sistema responde com uma diminuição do feedback face a  este tipo de comportamentos. 
     Compreende-se  então que, nas salas de Snoezelen, uma criança com PEA possa, mais  facilmente, sentir-se em controlo do meio que a rodeia, tornando mais  fácil o processamento e a integração sensorial. As crianças conseguem  seleccionar e avaliar os estímulos e inputs sensoriais que querem ver  salientados, sendo uma condição importantíssima, por exemplo, para a  aprendizagem (se tivermos em conta que, para aprender, uma criança tem  de estar atenta a vários estímulos diferentes ao mesmo tempo, se esta  não os conseguir processar de forma correcta, como conseguirá  aprender?). Num ambiente protector de uma sala de Snoezelen, é  compreensível que as crianças baixem algumas das suas defesas e se  tornem mais “alcançáveis”, permitindo aos facilitadores uma pequena, mas  recompensadora viagem pelo seu mundo.