Refém de mim mesma.
Autismo

Refém de mim mesma.


Olá!

Ausente por algum tempo, volto a dividir com vocês minha trajetória neste planeta, sim eu acredito que esta vida é transitória, e sendo assim eu descreverei uma parte desta  viagem solitária que fiz neste período de tempo que me isolei e fiquei sem escrever.

Comecei tratamento psiquiátrico no CAPS- Centro de atenção psicossocial da minha cidade e lá participei do processo de triagem para isso frequentei o grupo de pacientes com comprometimentos graves durante 15 dias, e concluiu-se que não era necessária minha participação no grupo, foi recomendado tratamento para depressão crônica com medicação e psicoterapia.

Pois bem, a viagem para dentro de mim mesma foi inevitável, a tentativa de buscar o motivo que me fazia não querer viver mais foi  dolorosa. Sim, eu não queria mais viver, há muito tempo eu aprendi que não existe "eu não CONSIGO" existe sim "eu não QUERO".

Eu literalmente fiquei refém de mim mesma, a importância que eu dou para a opinião alheia é gigantesca, a necessidade de ser perfeita também, e esta ilusão me consumia aos poucos.

Vale salientar que eu busco acalmar minha mente, dominar meu ego, desde a primeira infância, sempre fracassando, hoje eu sei que o motivo do meu fracasso foi que esta busca transformou-se em obsessão, e este comportamento obsessivo tornou-se nesta doença que me consumia aos poucos.

O tratamento com a psicoterapia chegou no momento em que todas as minhas tentativas eram frustradas, todo o conhecimento e a experiência que eu havia conquistado eram inúteis, pois eu lutava contra mim mesma, contra minha essência, minha alma, minha individualidade, meu espírito, minha consciência.

Na minha última consulta com a médica psiquiatra ela disse novamente o óbvio, o que eu não conseguia assimilar, vivenciar: "Vou trocar sua medicação para mais uma tentativa, mas saiba que o tratamento depende muito de você." É claro que eu já sabia que eu tinha que me esforçar, mas quanto mais eu tentava, mais afundava, como se estivesse na areia movediça.

Acredito que a nova medicação me ajudou a controlar a auto obsessão, coincidência ou não sem a médica saber do meu traço autístico, pois somente trata a minha depressão, pela minha queixa ela me prescreveu concomitantemente com o antidepressivo uma medicação que atualmente foi aprovada para o tratamento sintomático de irritabilidade em crianças e adolescentes autistas e é usado também em desordens do espectro autístico e neste caso utilizam-se doses menores que as para esquizofrenia e outras formas de psicose.


Esta é uma medicação antipsicótica atípica, um medicamento neuroléptico então eu fui pesquisar para entender porque me foi prescrita, e descobri que:

"A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo não sabendo exatamente como são as patologias psiquiátricas, podemos imaginar algo semelhante ao compará-las com determinadas experiências pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a mania, a dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à demência e ao retardo, o medo e a ansiedade perante situações corriqueiras têm relações com os transtornos fóbicos e de ansiedade. Da mesma forma outros transtornos psiquiátricos podem ser imaginados a partir de experiências pessoais. No caso da psicose não há comparações, nem mesmo um sonho por mais irreal que seja, não é semelhante à psicose."(fonte: Psicosite)


Uma das nuances da psicose é  o  embotamento afetivo, isolamento emocional e social, pobreza de discurso, e era exatamente o que estava acontecendo comigo, me desesperava a idéia de que tudo que acontecia ao meu redor era por minha causa mesmo vivendo praticamente isolada de tudo e de todos.

O que me incentivou a buscar meu transcendente, meu eu verdadeiro, minha individualidade, minha volta para a realidade, além do tratamento médico, foram os ensinamentos que eu recebi na doutrina espiritualista do Vale do Amanhecer, a qual eu sigo.

E digo sinceramente sem apologia às drogas medicamentosas, nem a religião, eu definitivamente não conseguiria sair desta situação se não fosse esta lição que eu aprendi no Vale do Amanhecer:
" A fé que nega a ciência , é tão inútil quanto a ciência que nega a fé."( Neiva C. Zelaya).

 Muito obrigada a todos que me acompanham, a presença de todos na minha vida faz muita diferença, vocês me ajudam a exercitar minha comunicação. Acreditem que todos fazem parte e são testemunhas da minha evolução!!

Abraço Fraterno!
Grace Caroline.

P.S.: A imagem eu encontrei na internet, se alguém souber a autoria peço que se possível me informe, e se houver algum problema eu a retirarei se for o caso. Desde já agradecida.



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