Arte: O Dia
APATIA
“O medicamento está sendo usado de forma exagerada para controlar crianças. A droga deixa apática aquela que é agitada e não presta atenção. Fazer isso é quebrar a essência da criança, que é brincar, agitar, questionar”, critica o coordenador estadual de Políticas sobre Drogas, Luiz Alberto Chaves de Oliveira.
“Estudos apontam que usuários de metilfenidato têm risco até 50% maior de se tornarem usuários de drogas”, completa Luiz, que recomenda a busca de segunda opinião em caso de diagnósticos de TDAH. Pediatra, neuropediatra e psiquiatra são os profissionais mais indicados.
A médica Maria Aparecida questiona a forma de diagnóstico. “É um questionário do qual ninguém escapa. A criança que joga videogame por horas, mas não se concentra na escola, não tem dificuldade de concentração. A aula pode ser desinteressante”, alega.
Membro do Comitê de Neurologia da Sociedade de Pediatria do Rio, Milton Genes afirma que o TDAH afeta entre 3% e 6% das pessoas, mas que nem todos precisam de medicação: “O importante é um diagnóstico bem feito. O tratamento muda a vida dos que têm o transtorno”.
Remédio está na lista dos mais vendidos
O metilfenidato já é uma das drogas mais vendidas no País. “A Anvisa pesquisa porque o consumo é crescente. A orientação é que só pessoas com diagnóstico correto usem e não para melhorar no estudo ou trabalho”, diz Giselle Silva Calado, gerente de Farmacovigilância da Anvisa.
Segundo ela, as reações comuns ao uso abusivo da droga são nervosismo, insônia e perda do apetite: “Podem haver reações sérias, como febre alta, dificuldade de falar, batimento cardíaco acelerado, espasmos musculares, garganta inflamada, alucinações, convulsões, bolhas e manchas na pele”.