Esse texto é da Sandra Tadini, publicado no perfil dela no facebook!
O Juntar-se é uma das principais técnicas do The Son-Rise Program®. É a primeira coisa que fazemos e é absolutamente essencial para a construção de confiança e equilíbrio. Quando nos juntamos às nossas crianças, participamos no ismo (“esterotipia”) delas com profundo interesse e aceitação – sem tentar mudá-la ou reorientá-la. Toda a aprendizagem e interação assentam na plataforma da relação que é construida com o seu filho através do joining(juntar-se). É por isso que fazer o joining corretamente é tão importante. Tenho visto muita, muita, gente juntar-se e nunca deixei de me sentir tocado quando vejo alguém a juntar-se ao seu filho com amor e sinceridade.Contudo, também vejo um número significativo de pessoas que, provavelmente sem perceberem, fazem coisas durante o joining que minam completamente a sua eficácia.A seguir estão aqueles que eu considero serem os primeiros sete Não’s do Joining. Há uma boa hipótese de que você tenha feito alguma destas coisas, mas, tudo bem, não tem problema! Não faz mal! Você não está sozinho! A maior parte das pessoas com quem tenho trabalhado – pessoas que adoram os filhos e que se estão se diferenciando da multidão fazendo o The Son-Rise Program® - fizeram pelo menos uma destas coisas (normalmente mais do que uma). Portanto, eu suplico-vos que leiam estes sete não-não’s com um sentido de auto-aceitação, calma, curiosidade e – sim – humor.
1. OLHAR FIXAMENTE. Muita gente passa a maior parte do tempo olhando para a criança enquanto se junta a ela. O problema é que isso não é Juntar-se (joining), isso é observar e o seu filho pode facilmente perceber a diferença. Quando você vê um filme com alguém que fica olhando para você o tempo todo, não parece que estejam assistindo o filme juntos, parece? Portanto, assim que começar a fazer o joining, em vez de olhar fixamente para o seu filho, olhe fixamente para o que está fazendo. Em vez de olhar para o seu filho a cada dois segundos, deixe-se envolver profundamente pelo que você está fazendo. Lembre-se, você não está tentando provar que pode imitar, está deixando-se envolver na atividade que o seu filho adora. Está construindo uma ligação em torno de um interesse comum – a palavra-chave aqui é ser comum.
2. NÃO SAIR DE CIMA. Vejo muita gente que não sai de cima, fica muito junto da criança quando faz joining. Ficam perto demais da criança e, na verdade, a única coisa que ela quer é espaço para respirar! Quando se junta não tem que ficar colado ao seu filho. Lembre-se de que parte da razão pela qual o seu filho “isma” (fica em isolamento) antes de qualquer outra coisa, é para se isolar de quem quer que esteja em cima dele! Você tem quer dar espaço ao seu filho. Se ele estiver sentado, então, por favor sente-se também, mas não se sente a um centímetro dele. Se o seu filho está de pé ou andando de um lado para o outro, então fique de pé e ande de um lado para o outro, mas não em cima dele.
3. ROUBAR. Hei, você! Não tire as coisas do seu filho. (Eu sei que as coisas do seu filho são espetaculares, mas tente resistir!) Se o seu filho estiver enfileirando carrinhos verdes, então faça o que fizer, não tire os carrinhos verdes dele/a para os começar a enfileirar. Sim, é isso mesmo, tem que usar os rejeitados, aqueles que o seu filho não quer. Se o seu filho gosta de usar carros verdes brilhantes e não se interessa pelos carros amarelos velhos, meio quebrados, esses carros amarelos são todos para você , meu amigo! Use o mesmo tipo de objeto que o seu filho está usando, mas não aqueles que ele está efetivamente usando.
4. NARRAÇÃO. Muitos de vocês acham que são comentadores esportivos. À medida que o seu filho, por exemplo, empilha cubos, vocês vão narrando cada um dos movimentos dele/dela. “Oh, agora você tem o cubo verde. Oh, é muito bom o jeito que você coloca sobre o cubo vermelho. Aí vem o cubo azul!”. Acredite em mim, eu não estou questionando suas habilidades narrativas. Tenho certeza que são fabulosas. Mas, quando se junta, não é hora de você ficar narrando nada.Se você está se juntando e o seu filho não está falando, não fale também. Dedique-se à atividade que estão fazendo em vez de fazer qualquer coisa que seja para tentar interagir com a sua criança, o que nos leva ao próximo não-não.
5. ENGANO. O que quer que faça, quando estiver fazendo o joining, não tente alterar o comportamento do seu filho. Este é o maior erro que as pessoas cometem e é um erro que é muito prejudicial ao princípio do joining. O seu filho não é nenhum boneco. Se tentar usar o joining como forma de conseguir que o seu filho mude, altere ou pare o seu comportamento, ele/ela vai imediatamente percebê-lo e você terá torpedeado toda a técnica de joining. Isto significa não dizer: “Ei, amigo, olha para mim!”, não tentar que o seu filho pegue no seu carrinho e faça corridas com ele mesmo, não utilizar artifícios na tentativa de conseguir a sua atenção. O que é mais fantástico sobre o joining é resultar em interação iniciada pela criança. Uma das características principais do autismo é a falta de interação social iniciada ou desejada pela criança. Um dos fatores que tornam o The Son-Rise Program® ímpar, é o fato de se focar no desenvolvimento, no interior de cada criança, da capacidade de iniciar uma interação social. Queremos entrar no mundo da criança, esperar que ela inicie voluntariamente uma interação e então (somente então) usar essa interação para a convidar a ir mais longe e a comunicar mais. Queremos as nossas crianças do nosso lado. A única forma de conseguir isto é juntando-nos a elas no seu mundo até que elas se juntem a nós no nosso. Isto não pode ser forçado. Juntar-nos não é um truque que usamos para dissimuladamente levarmos o nosso filho para uma atividade diferente ou a ter um comportamento diferente. Joining é a forma pela qual nós permitimos ao nosso filho criar um laço conosco.
6. CALENDARIZAÇÃO. Nos últimos anos, alguns métodos de tratamento do autismo têm procurado adotar aspetos do The Son-Rise Program fazendo o que eles acham que é o joining como forma de criar interação. Por exemplo, eles reservam 15 minutos de cada sessão para se “juntarem” à criança. (A duração é decidida pelo terapeuta, claro, não pela criança). O problema é que estas metodologias acabam por não pegar o barco por tentarem adotar o joining sem o compreenderem. Juntar-se corretamente significa unir-se até que o seu filho pare de fazer o ismo (estereotipia) que ele gosta e olhar para você ou se aproxime de você de alguma forma. Não significa que reservamos quinze minutos para nos juntarmos e depois a criança fazer o que nós dizemos. A duração do juntar-se (joining) é determinada pela criança, e não por você. É essa a chave.
7. IMITAR. Este último não-não é para todos vocês que têm uma criança ou um adulto que tem o Síndrome de Asperger ou que é altamente verbal. Muitas destas crianças/adultos não têm ismos (estereotipias) na forma clássica tais como sacudir as mãos, repetir sons, rasgar papel, etc. Quando eles “ismam”, falam do seu assunto preferido, em profundidade e durante muito tempo seguido. As pessoas por vezes juntam-se a estas atividades ou repetindo de volta tudo o que a criança diz (ou seja, “imitando”) ou falando (muitas vezes por cima da criança) sobre o assunto da criança. Isto muitas vezes será, digamos, menos que emocionante para o seu filho. Em vez disso, ouça com grande interesse e entusiasmo. Junte-se, no seu cerne, não é copiar, imitar ou espelhar. É criar uma relação, um laço de confiança, um equilíbrio meigo, baseados em mergulhar no mundo do seu filho, amando o que ele ama, explorando o que ele explora, estimando o que ele estima. É uma forma de mostrar o seu profundo amor pelo seu filho dizendo (através da ação): “Eu te Amo; e porque te amo, amo o que você ama”.
Uma nota importante. Tenho alguns pais e profissionais (não muitos) que dizem que tentaram juntar-se e que não funciona porque a criança lhes diz sempre para pararem. Isto acontece quase sempre quando as pessoas que estão a fazer o joining fazem um ou mais dos “não-nãos” acima. Portanto, é claro, a criança, não quer que interfiram com ela nem ser manipulada, quer que parem com isso. Se o seu filho efetivamente o mandar parar, a primeira coisa a fazer é parar. Depois dê-lhe algum tempo e tente voltar a juntar-se ficando muito mais longe – garanta que não está fazendo nenhum dos não-não’s.Eu sei que você ama o seu filho.
Eu sei que quer muito criar a relação mais poderosa, amorosa, estreita possivel com o seu filho. Isso é lindíssimo. É encantador. É profundamente significativo. Juntar-se é a sua única forma de fazê-lo. Use-a. Tire o máximo proveito desse amor incondicional e sem limites que tem pelo seu filho.E saiba que eu estou torcendo por você a cada passo do caminho.Raun Kaufman (A primeira “criança” Son-Rise)
Texto original em inglês:
http://www.autismbreakthrough.com/autism/articles/