MÃE INCLUSIVA
Dela, são seis. Mas somando os que trata e se dedica como se filhos fossem, passa dos 400. Desde cedo, a médica Fátima Dourado aprendeu a transformar sua dor em um caminho que mudou não só a vida de seus filhos autistas, mas de milhares de crianças Brasil afora“Sempre gostei dessa possibilidade que o ser humano tem de reinventar a vida”. A frase que sai da boca da médica Fátima Dourado é a mesma que desenha sua trajetória. Em 57 anos de vida, ela conseguiu fazer do que lhe encanta na literatura sua própria história. Fátima se reinventou ao transformar a dor das rejeições sofridas pelo primeiro filho autista, Giordano Bruno, em um caminho de vida – dela mesma e de outras centenas de mães que têm seus filhos atendidos pela Fundação Casa da Esperança.
Doutora Fátima e dois de seus "filhos" da Casa da Esperança. |
Mãe de seis filhos - dois dos quais têm autismo - Fátima se deparou com o transtorno numa época em que ninguém sabia do que se tratava. Na psicanálise, a teoria era de que os autistas eram crianças normais que estavam se refugiando em seu mundo porque tinham um problema de vínculo com a mãe, que chegaram a ser definidas pelo termo “mães-geladeiras”. “Como era o que tinha na época, teve um tempo que eu cheguei a duvidar do meu amor. Onde eu tava amando errado para ter crianças tão lindas que não conseguiam desenvolver a fala?”, lembra Fátima.
Nela, não estava o problema e, sim, a solução, ou, pelo menos, a esperança. Quando viu o filho Giordano, hoje com 32 anos, ser rejeitado pela escola por estar dando muito trabalho e a instituição não ter profissionais treinados para atender àquele tipo de adolescente, Fátima decidiu criar a própria escolinha. De oito alunos iniciais, a então pequena escola para crianças com autismo hoje é uma referência nacional no tratamento do transtorno, onde 400 crianças têm assistência total e outras milhares recebem atendimento ambulatorial.
Além de não ter sido em vão, a luta de Fátima não foi solitária. Hoje, de tanto ver a dedicação da mãe, praticamente toda a família vive em torno do autismo. Fora Giordano e Pablo, 28, que foram a razão da médica ter mergulhado nessa luta, o filho mais velho, Alexandre, 34, além de ter casado com uma das mães fundadoras da Casa da Esperança que já tinha uma filha com o transtorno, é um militante na defesa dos direitos das pessoas com autismo.
Já Gustavo, 30, utilizou a profissão para implantar oficinas de música na fundação, da qual é o atual vice-presidente. Além disso, por um desejo compartilhado com a esposa, ele adotou Dudu, 7, que também tem autismo. “Nessa hora, eu tive que mudar meu discurso de que ninguém escolhe ser mãe de autista. Minha nora escolheu ser mãe de um”, orgulha-se. “O autismo não deu só dificuldades e desafios à nossa família, ele trouxe grandeza para esses meninos. Reduziu o preconceito com outras formas de ser”, completa.
A luta deu a Fátima também a oportunidade de reconstruir sua vida amorosa. Na própria instituição, conheceu o atual marido, o psicólogo Alexandre Costa. Dessa relação, vieram Gabriel, 13, e Maria Teresa, 6, que entrou na vida de Fátima quando ela já havia chegado aos 50. “Foi um presente que a vida me guardou na maturidade. Se houve um tempo em que achava que meu amor era azedo, foi legal que a vida tenha me dado a chance de curar uma menina do autismo com esse amor”, reflete. “A felicidade é uma coisa que eu nunca busquei fora. Não sei o que é inveja. Eu gosto da minha vida, da minha história, dos meus filhos, eu gosto de ser nordestina, de estar em Fortaleza. Eu tô feliz, Deus me colocou no lugar certo, na família certa”, comemora. (Naara Vale)
RAIO X DA MÃE Fátima DouradoIdade: 57
Profissão: pediatra e psiquiatra
Filhos: Alexandre, 34; Giordano, 32; Gustavo, 30; Pablo, 28; Gabriel, 13; Maria Teresa, 6.
Ser mãe é: “É abrir a cabeça e o coração para ajudar outra pessoa no seu desenvolvimento, adotar uma pessoa do jeito que ela é, com todas as suas possibilidades. Ser mãe, biológica ou não, sempre tem seu lado de adoção. É sempre uma busca de equilíbrio porque não tem uma fórmula pronta entre a proteção e o respeito às escolhas do indivíduo”.
MÃE INCLUSIVA - 406 filhos
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/05/12/noticiasjornalvidaearte,2837383/406-filhos.shtml
fonte: http://cronicaautista.blogspot.com/
loading...
http://globotv.globo.com/rede-globo/encontro-com-fatima-bernardes/v/andre-e-marie-moraram-fora-do-brasil-como-filho-autista/2430209/ http://globotv.globo.com/rede-globo/encontro-com-fatima-bernardes/v/no-brasil-pedro-foi-estudar-em-escola-publica/2430214/...
Brasil cria lei federal pelos direitos dos autistas Escrito por Paiva Junior, editor-chefe da Revista Autismo Sex, 28 de Dezembro de 2012 09:00 O dia 27 de dezembro de 2012 é um marco histórico na...
“Autismo e Cérebro Social – Compreensão e Ação” é o título da obra que a médica cearense Fátima Dourado lança nesta sexta-feira (15), às 19h, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi. Pediatra e psiquiatra, a autora, com dois filhos...
O post da nossa colunista Patrícia Trindade, que já teve mais de dois mil acessos, foi repercutido no site da Folha de São Paulo de hoje, na coluna da Mônica Bergamo. O artigo da jornalista da Folha ficou em primeiro lugar entre os mais lidos durante...
As escolas públicas estão preparadas para identificar e acolher pessoas autistas? Alexandre Mapurunga - Conselheiro titular e ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência e membro do Movimento das Pessoas com Deficiência...