Texto: Nilton Salvador
Vivências Autísticas
     Desde quando ainda se falava que  nossos filhos, autistas ou não eram “excepcionais”, enfaticamente nas  décadas de 70 e 80, e de lá para cá passando por diversas nomenclaturas  cheias de boas intenções, mas sem muita funcionalidade, até chegarmos ao  final da primeira década deste milênio com eles ganhando a leitura  gloriosa de “pessoa com deficiência”, de acordo com nova portaria do  governo.
     Naquelas décadas  com grande impulso, estava nascendo nos Estados Unidos e na Europa à  educação inclusiva, começando também a entrar em discussões por aqui.
      Como em nosso país quase tudo se copia, e que em termos educacionais  nossos modelos sempre tiveram sotaques estrangeiros, o novo conceito  caiu por aqui como uma luva, até por existir oferta de estabelecimentos  de educação especial, e como embrionariamente já se ensaiasse conviver  com a educação regular, não poderíamos ser indiferentes deixando o bonde  da moda estrangeira passar, sem embarcar.
      Atualmente nos colégios norte-americanos e europeus, todos os colégios  de educação regular, oferecem apoio à educação inclusiva, aos alunos com  necessidades especiais, sendo que na Espanha e na França, além dos  professores especialistas, os alunos têm mais um, que é responsável pela  sala de aula, denominado de tutor.
      Enquanto isso, por aqui, nós ficamos na esperança de que a propaganda  enganosa vigente do sistema de educação nacional se torne realidade. 
      Lá os métodos podem ser alterados, mas os objetivos do currículo não.  Aqui, quando se fala em implantar educação inclusiva em qualquer  estabelecimento de ensino regular, além da escola ser modificada em sua  estrutura, a organização do currículo e a avaliação deve ficar de acordo  com seus gestores, que se utilizando de desculpas esfarrapadas pensam  que podem evitar atitudes discriminatórias, por desconhecerem que isso  acontece por falta de educação, familiar.
      A criança com necessidades especiais, e por essa titulação nós pais  somos responsáveis, porque temos o hábito de ver nossos filhos,  autistas, como crianças e não como pessoas, mantendo-os eternamente  púberes, quando é colocada junto com as outras normais, criam-se, ou  não, atividades específicas para elas, enquanto que a educação inclusiva  volta-se para todos os alunos, centrando-se mais em objetivos comuns e  de currículo flexível, mesmo havendo divergências, pois é frequente  entre seus defensores o encontro de quem queira a continuidade da  segregação. 
     Nada a ver uma  coisa com a outra, mas os defensores do atraso, em face das políticas  equivocadas, e o nosso sistema político partidário vigente está  infestado deles, além de não saberem o que é ter filho deficiente, são  informados que eles são crianças excluídas da educação por estatísticas,  que eles mesmos criaram.
      Para eles o maior drama é transferir alunos com necessidades educativas  especiais das escolas especializadas, e das classes especiais para as  classes regulares, sem generalizar, é claro, porque não sabem destacar a  diferença entre eles. 
     Na  Europa e nos Estados Unidos, a inclusão de crianças com dificuldades em  salas de aulas regulares aumentou e nas instituições especializadas  diminuiu, porque tanto na formação como na implantação, os professores  atualizam seus currículos, para que estejam bem preparados no momento de  atender a demanda, coisa que por aqui não pode acontecer porque  preferem o comodismo ficando à margem da atualização.
      Mesmo que ficassem resolvidas essas questões, a educação inclusiva  antes de prosperar ainda terá muita dificuldade, pois, em nosso sistema,  a educação segregada é mais frequente porque é inconveniente trabalhar  programas educativos integrados.
      As crianças normais quando ficam entre crianças deficientes com atrasos  de intelectualidade, não são prejudicadas por esta integração, ou pela  convivência com os estereótipos inapropriados delas, ou ainda pela  redução no ritmo de desenvolvimento, não existindo registro de efeitos  adversos, obtendo vantagens recíprocas quando aprendem em conjunto.
      Já existem pesquisas mostrando que alunos sem dificuldades de  aprendizagem também têm vantagens no ensino inclusivo, porque o convívio  deles com aquelas crianças aumenta a autoestima, amplia a competência  social e faz com que se aprenda a respeitar as diferenças e os estigmas  favorecendo sua maturidade.
      Na Constituição Federal há um artigo favorável à educação inclusiva, que  não é obedecido, pois os nossos educadores, geralmente políticos de  plantão, preferem posar de signatários da Declaração de Salamanca e  protocolos internacionais para deficientes aparecendo nas propagandas  humanitárias, onde vicejam mídias ficcionistas mostrando o crescimento  do número de alunos em salas de aulas regulares, que não existem. 
      Criança deficiente não se importa que os professores inventem modas ou  percam tempo para explicar alguma coisa que ela demore a entender,  porque assim têm chances de aprender mais e melhor, e ainda... Os alunos  eficientes apreciam auxiliar o coleguinha com dificuldades porque entre  eles quem fala é a pureza da alma. 
      Os obstáculos para a aplicação da educação inclusiva são os mesmos, em  qualquer idioma, mas nada pode ser pior do que aqueles que deixam de ser  percebidos pela Psicologia Social, por atitudes alguns mandatários do  meio educacional, contra as pessoas deficientes, autistas ou não, que  dificultam sua implantação e desenvolvimento.
      Quem me dera que a educação inclusiva tivesse iniciado por aqui nos  anos 70/80 a exemplo dos americanos e europeus, pois fico imaginando meu  filho autista, que pouco depende de nós, mesmo não tendo aprendido a  ler, saberia cortar sua barba e amarrar o cordão dos seus sapatos, em  função da metodologia de convivência escolar com o próximo, e ser  incluído como exemplo na história dos deficientes como mais um grão de  areia na construção edifício de progresso da humanidade.
      Quando se fala em educação inclusiva, costumamos deixar passar  despercebida a grandeza do conceito nela implícito, que foi criada para  todas as “pessoas com deficiências”, mas que nos dias atuais está  ensaiando uma saída honrosa para que o sistema educacional “encaixe”,  nossos filhos, pelo menos para manter o seu direito de crescer e a viver  com natural autonomia.
     De  minha parte me vejo obrigado a repetir que nesta salada mista de leis,  decretos, portarias, etc, os dirigentes da educação continuam dando mais  valor ao condimento do que ao legume.
      Quem sabe nossos filhos deficientes, autistas ou não, em mais uma  reação dos seus pais, dotados da Síndrome da Paciência, tenham direito a  uma vaga na escola inclusiva, por uma questão de bom senso e respeito  por seu semelhante, coisa que nossos legisladores insistem em demonstrar  que não sabem o que é. 
     Para Deus, pessoas deficientes são aquelas que estacionam no preconceito e na discriminação... 
  
loading...
	
Os desafios da inclusão para alunos do ensino médio que são autistas são significativos, mas não intransponíveis. Muitos dos recursos necessários geralmente já são uma parte do distrito escolar, mas precisam ser reorientados e conectados em uma... 
A FUNDAÇÃO MUNDO AZUL, nesta fase de matrícula e rematrícula torna público o compêndio da Legislação que trata da educação inclusiva no BRASIL, de forma a auxiliar os pais que encontram dificuldade com matrícula, rematrícula, adaptação de... 
 Gaspar está entre os dez melhores municípios do país em inclusão na área da educação                                                                                                        Uma boa notícia para a educação de Gaspar. Ela... 
     Durante o intervalo das aulas, na escola municipal Dona Lili, em Balneário Camboriú (SC), duas crianças gesticulam incessantemente. Sorrindo, os professores só as observam de longe. Os gestos rápidos, firmes e incisivos não são acompanhados... 
Alexandre Mapurunga - Conselheiro titular e ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência,  membro do Movimento das Pessoas com Deficiência do Ceará e Diretor de Assuntos Jurídicos da ABRAÇA SIM Ao falarmos de autismo...