ALFABETIZAR NA PRÉ-ESCOLA? SIM OU NÃO E AGORA?
Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada D.I-D.A. Psicopedagoga.
O  segmento de ensino-aprendizagem é bastante complexo e para melhor  compreendê-lo devem-se conhecer as etapas do desenvolvimento humano, as  influências e contribuições de fatores importantes nesse processo; a  criança inicia a aprendizagem desde o ventre de sua mãe e continua por  toda a vida, porém é a partir do nascimento que o ser humano participa  ativamente de seu desenvolvimento. Para a aprendizagem de conteúdos  científicos na escola, a criança necessita de algumas condições básicas  para aprendê-los, condições estas que dependem do desenvolvimento,  influências do meio, entre outros fatores, ou seja, são pré-requisitos  básicos para compreender novos conteúdos e assim por diante.
Porém,  percebe-se que muitas crianças apresentam dificuldades relacionadas à  aprendizagem principalmente no período da alfabetização, o que pode  estar vinculado a inúmeros fatores, como: estímulos precários, problemas  neurológicos, condições físicas e emocionais, ou seja, faltam as  condições básicas. No entanto, o que muitas vezes acontece é a cobrança  exagerada, a exigência na hora de aprender a ler e escrever mesmo a  criança não estando preparado para assimilar esse tão complexo processo,  o que se torna um dos principais fatores, que leva pais e professores a  tratarem o aluno como portador de dificuldade de aprendizagem.
Cada  criança tem um momento próprio de aprender e quando há falta de  estímulos ou uma grande cobrança no momento da alfabetização pode causar  uma demora no aprender, o que é confundido com a dificuldade de  aprendizagem. É aí, que podemos perceber claramente a importância e a  função da pré-escola, pois é quando a criança deverá ser estimulada e  preparada para a alfabetização, trabalhando os pré-requisitos nos  aspectos: cognitivo, motor e afetivo/social.
Embora tenhamos claro  que cada criança é um ser único, muitas vezes trabalhamos numa sala de  aula como se fossem todos iguais, tardando a aquisição de conteúdos para  alguns alunos, e ainda se faz uma comparação entre eles e não se  observa os progressos obtidos por cada um em diferentes momentos da vida  escolar, principalmente durante o processo de alfabetização. Assim, o  que pretendemos é justificar a importância das condições iniciais para a  aprendizagem, como a criança se desenvolve em todos os aspectos e para  isto podemos buscar embasamento nos principais autores que tratam sobre  as teorias de desenvolvimento, como: Freud, Erickson, Piaget, etc.  Mostrando assim, que deve ser respeitado o ritmo de cada indivíduo, bem  como, dar condições mínimas de aprendizagem. Tendo em vista que o  estímulo que a criança recebe nos primeiros anos na escola será  determinante para o processo de aquisição de conhecimento futuros,  principalmente a alfabetização.
No caso da leitura e da escrita, como nos demais, terá maior sucesso no ensino dessas habilidades, a criança
que  for estimulada desde cedo. De modo geral, entre o 5º e o 8º ano de  vida, as crianças apresentam prontidão, para ler e escrever. No entanto  há diferenças individuais entre elas, o que deve ser observado e  trabalhado sem demasiadas exigências, porém auxiliar as crianças que  necessitem.
Emília Ferreiro (2001) define como um processo, e que  alfabetizar é construir conhecimento que tem início muito cedo e que não  termina nunca. Este fato se constata no dia a dia de cada indivíduo,  pois desde cedo convive com as mais numerosas formas de informações  produzidas e interpretadas pelos adultos, nos mais variados contextos,  ou seja, vê letreiros em cartazes, jornais, revistas, televisão, placas,  etc. Para que a criança faça relação com a escrita que tem contato fora  da escola e dentro é necessário apresentar todo tipo de material  escrito que for possível para a sala de aula. Como nos afirma Emília  Ferreiro. “Em cada classe de alfabetização deve haver um “canto ou área  de leitura” onde se encontrem não só livros bem editados e bem  ilustrados, como qualquer material que contenha escrita...” (FERREIRO,  2001, p.33)
Assim já vai tendo certas hipóteses a respeito do que  seja ler e escrever. Vê-se então que a criança não espera chegar à idade  certa ou que alguém se disponibilize a ensiná-la, mas vai aos poucos,  naturalmente se alfabetizando. Com isso não se pretende dispensar o  professor, mas sim alertá-lo para que antes de iniciar o seu trabalho  conheça a sua turma e o nível que cada um se encontra para assim  desenvolver atividades que ajudem seus alunos a se desenvolverem.
Emilia  Ferreiro, (1999) buscou na teoria de Piaget a explicação sobre o  desenvolvimento da criança no ato de ler e escrever, do ponto de vista  cognitivo. Segundo ela toda criança passa por quatro fases até que seja  alfabetizada: pré-silábica, somente joga as letras, sem conseguir  relacioná-las com a língua falada; silábica, interpreta a letra a sua  maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra; silábico-alfabética  mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas  sílabas; alfabética, domina o valor das letras e sílabas.
Com relação  às crianças provenientes do meio que não proporciona este contato com a  leitura e a escrita, será um tanto mais complexo este processo. Com  certeza se fará necessário um pouco mais de estimulação, mostrando-lhe a  sua importância, já que até então as pessoas com as quais convive não o  fizeram, pois estas muitas vezes não são alfabetizadas ou não usam a  leitura e a escrita para a sua sobrevivência, ou melhor, no seu  trabalho, não dando assim o seu devido valor. Relacionado a isto, está à  questão da necessidade de partir do contexto em que a criança está  inserida para que a aprendizagem possa ter significado. O professor deve  propor também atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a  escrita, porque é pensando que ela aprende.
Como nos fala Emília  Ferreiro, a educação infantil depara-se com duas situações, que podem  ser chamadas de extremas. São elas: educação infantil vista somente como  espaço de recreação ou como local de alfabetização forçada.
A  primeira é entendida como espaço de lazer, brinquedo, alimentação, sem  nenhuma preocupação pedagógica, voltada somente para cuidá-lo. Cuidar  das crianças para que os pais pudessem trabalhar, tendo um local seguro  onde pudessem deixar seus filhos. Já na segunda a educação infantil,  principalmente no período da pré-escola tem como principal objetivo à  alfabetização, chamada de alfabetização forçada onde o aluno deve  realizar diversas atividades visando à alfabetização. Atividades estas,  muitas vezes desconectadas da sua vida, mecânica, onde a criança aprende  somente através da memorização de letras e sílabas.
Por outro, lado  hoje está se buscando novas concepções que vêem a pré-escola como um  ambiente que deve permitir a criança o seu desenvolvimento integral, ou  seja, físico, social, intelectual e emocional.
Neste sentido, cabe a  pré-escola além de trabalhar a parte de recreação e socialização,  contribuir para o desenvolvimento cognitivo da criança, preparando-a  para a aprendizagem da linguagem oral e escrita e dos outros  conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento integral. Não  priorizando nenhum dos aspectos, mas colocando cada um com sua devida  importância.
Surge então a pergunta que está tão presente no dia a  dia de pais e professores de crianças pertencentes a esta faixa etária. A  pré-escola deve ou não alfabetizar? Com certeza a resposta deve ser  dada pela própria criança, pois a alfabetização vai depender do ritmo de  vida de cada criança, para a alfabetização. Sendo que a alfabetização  em si é um processo natural, um caminho diverso para cada criança, no  entanto, a estimulação e a mediação são de suma importância.
Estas  deverão ser feitas pelos pais, professores e demais pessoas que a  circundam, oferecendo oportunidades para que ela faça as suas próprias  interpretações sobre o mundo em que vive. Como processo natural não  deverá ser precipitado, mas muito menos negado. Deve ser sim estimulado  de forma prazerosa.
Por isso, as salas de pré-escola e classes  iniciais devem ser de fato um ambiente alfabetizador, onde são  oferecidos e trabalhados todos os tipos de materiais para que, através  da observação, comparação, classificação e reflexão, as crianças possam  descobrir a importância da leitura e da escrita, procurando se apropriar  dela, e assim, construindo seu conhecimento. Desta forma, a criança  terá maior facilidade em toda a sua vida escolar, assimilando os  conteúdos e interagindo com o contexto educacional.
A aprendizagem na  educação infantil deve partir de uma proposta pedagógica, que tenha  como princípio o respeito ao contexto do qual a criança participa, bem  como, valorizando o saber, o conhecimento que elas trazem para a escola.
Os  profissionais que trabalham com a pré-escola devem se conscientizar que  o seu trabalho não é só preparar estas crianças para as séries iniciais  do ensino fundamental, mas para o resto da vida, pois é no período de  zero a seis anos que são lançadas as bases para todas as aprendizagens  futuras.
Uma função importante da pré-escola é a grande contribuição  para o processo de alfabetização, onde é proposta diariamente atividade  em que ela possa desenvolver o uso da leitura e da escrita, mesmo que  ainda não haja um domínio formal e sistematizado dos códigos  lingüísticos, mas que serve para o desenvolvimento do pensamento da  criança. Porém o professor não deverá exigir tampouco impedir que o  aluno se alfabetize. Mas sim, dar condições para que a criança aprenda,  para que ela própria construa o seu conhecimento, desenvolvendo todas as  suas potencialidades, num processo natural e gradativo, levando em  consideração o ritmo próprio da criança e suas condições cognitivas. As  atividades devem ser ricas, vivas e dinâmicas que trabalhem também o  aspecto afetivo.
A pré-escola não deve ter como única finalidade a  leitura e a escrita, mas considerar a alfabetização como leitura da  realidade que a cerca, pois desta forma, ela pode contribuir para  desenvolver a capacidade da criança de ver as coisas, interpretar uma  história, um fato, distinguir cores, formas, tamanhos, através de  símbolos não escritos, como dobraduras, maquetes, desenhos, pinturas,  modelagens, etc.
O importante será a estimulação na criança para essa  pré-leitura e pré-escrita. Pois permitirá a criança aprender,  oferecendo-lhe múltiplas oportunidades para interagir com a língua  escrita, permitindo-lhe assistir a atos de leitura e escrita realizada  pelo professor dando-lhe assim a oportunidade de escutar a leitura em  voz alta, despertando o interesse e a curiosidade, para ela também poder  ler para o professor, escrever e desenhar.
Desde muito cedo a  criança tem contato com a leitura e a escrita, pois está cercada de  placas, jornais, revistas, dentre outros. Cabe ao professor trazer esta  experiência para a sala de aula e transformá-la numa experiência  coletiva. O papel da pré-escola é o de fazer a criança compreender o que  é a escrita e as suas funções e não apenas fazê-la compreender os  escritos, ou seja, codificar e decodificar.
É preciso também o  trabalho com as diversas formas de linguagem, dramatização, artes,  montagem de álbuns, acesso a revistas, confecções de bilhetes,  permitindo que as crianças vivenciem todas as formas de linguagem  utilizadas pela sociedade, permitindo-lhes aprendê-las e usá-las para se  expressar.
Outra função muito importante na pré-escola é o brincar,  pois a criança necessita de ação, de movimento. A escola então deve  organizar a energia do aluno de forma produtiva através das atividades,  jogos e brincadeiras que envolvam a um só tempo, ação, aprendizagem e  prazer. É através das brincadeiras que a criança irá compreender as  pessoas, as situações e as experiências, aprendendo a conhecer a si  própria, os outros e o mundo que a cerca. Organizando suas brincadeiras  ela irá interagir com os colegas e disso resultará a aprendizagem.
E-mail: 
[email protected]Fonte: http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/2007/07/alfabetizar-na-pr-escola-sim-ou-no-e.html 
  
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