Autismo
A Terapia Ocupacioanal no Autismo
 
 
Inicio
livre foi impedido por superstições referentes a  possessões diabólicas e bruxarias. Algumas destas crianças foram,  infelizmente encarceradas em jaulas destinadas a enfermos mentais e, em  muitos casos, colocados para fora das cidades. Às vezes, se as  abandonava por completo à sua própria sorte.
Os distúrbios mentais em  crianças só tardiamente vieram a se converter em objeto de investigação  empírica. No que se refere a psicanálise, o trabalho com criança se  constitui efetivamente a partir da década de 10, principalmente, no  final desta década com os trabalhos de Melaine Klein e de Ana Freud. Um  pouco antes houve teórico na Áustria que se interessavam em estudar  crianças. Existem vários teóricos que vão se preocupar em estudar  crianças como Margareth Mahler uma austríaca que cria noção do psicose  simbiótica além de Spitz, Winnicott e teóricos franceses, ingleses, etc.
Antes  da Segunda Guerra Mundial, alguns autores se preocuparam em observar os  transtornos psiquiátricos infantis. Pretendia-se encontrar nas crianças  os sintomas manifestos pelos adultos. Sante de Sanctis (1905) definiu  demência precocissíma; Heller(1906), em cima do modelo da demência  precoce e esquizofrenia infantil de Potter (1933) e Lutz (1936) definiu a  demência infantil;
Em 1911, E . Bleuler estabelece, a partir da  revisão de demência precoce de Kraeplin, o seu próprio conceito, o de  esquizofrenia. Para Bleuler, a demência precoce não é sempre precoce nem  condiz irremediavelmente à demência.
A psicose infantil sofreu  uma evolução paralela à da demência precoce (Kraeplin) e posteriormente  da esquizofrenia (Bleuler). A translação do quadro semiológico adulto ao  da criança tropeçou em dois pontos: dificuldade de integrar na criança o  conceito de demência que supõe uma organização psíquica prévia  suficientemente desenvolvida; a raridade ou ausência, do delírio crônico  na criança. Por isso as primeiras descrições de psicose infantil  sofreram impasses, pois quanto maior era o rigor na patogenia adulta,  menos casos clínicos se encontravam.
A história recente das  psicoses infantis, é marcada pela introdução, em 1943, do autismo de  Kanner. Seu trabalho rompe com uma tradição da psiquiatria infantil.  Para ele não é suficiente apenas pesquisar na criança o que se encontra  no adulto ou estudar esquizofrenia infantil; mas, sim, a partir de um  trabalho no qual se pode qualificar de experimental e de enunciar um  certo número de traços comuns a estas crianças. 
Desenvolvimento normal x Patológico: Construção do sujeito
A  constituição da subjetividade do sujeito, se dá a partir da relação  “saudável”, que se estabelece entre a mãe e o bebê. Concepções estas  apresentadas por D. W. Winnicott, referindo-se ao desenvolvimento  emocional-afetivo da criança. Tendo como referencial o investimento  libidinal no relacionamento dual (mãe-bebê). De acordo, com Winnicott o  bebê em seu primeiro ano de vida, apresenta uma relação visceral com a  mãe, sendo esta, considerada por ele, como uma extensão do seu próprio  corpo, visto que não houve ainda a divisão do “não-eu” e do “eu” do  bebê. Assim, ele tem esta mãe o ambiente ao seu redor, como um  prolongamento de seu corpo. Tanto esta mãe, quanto este ambiente, devem  ser suficientemente bons, para que haja, de fato, neste bebê, uma  formação saudável de sua psique. Esta relação materna satisfatória,  permite ao bebê entrar no misterioso espaço transitório, que é uma área  intermediária de experiências, que não está nem em seu mundo exterior,  nem interno à ele, mas sim, em sua capacidade de prolongar a ilusão da  presença materna, quando esta se faz ausente, usando-se assim, desta  área de ilusão com a finalidade de transferir sua catexia e prolongar um  agradável momento anterior.
Entretanto, vale ressaltar que, se  esta mãe não for suficientemente boa, não suprindo satisfatoriamente as  necessidades do bebê e caso estas “falhas” não forem corrigidas,  estabelece-se na relação mãe-bebê, uma espécie de carência, acarretando  para ele uma grande ansiedade e, conseqüentemente, há um comprometimento  na constituição de sua subjetividade, devido a esta deficiente relação  materna. A abordagem psicanalítica faz referência à construção da  subjetividade, sendo isto possível na própria dinâmica familiar que  permitirá ou não esse processo.
A origem dos quadros de psicose  infantil estaria na ocorrência de distorções no relacionamento mãe-bebê.  Segundo Margareth Mahler parece haver crianças que devido a uma  inerente fragilidade do ego desde o estágio de indiferenciação,  tornam-se alienadas do meio ambiente. Essas seriam as crianças com  “psicose autística infantil”, em que a mãe parece nunca ter sido  percebida pela criança, nem como entidade emocionalmente significativa,  nem como representante do não-eu. Nessas crianças, a mãe permaneceria um  objeto parcial que não seria distinto dos objetos inanimados. Nos  quadros de psicose simbiótica, o contato com a realidade estaria na  dependência de um vínculo simbiótico entre mãe e bebê; em que esta não é  percebida como distinta do self, mas se confunde com ele.
Conceito de Psicose Infantil
Na  tentativa de conceituar a psicose infantil, em 1960, um grupo de  psiquiatras britânicos buscou oferecer critérios para o diagnóstico da  psicose em crianças tais como: o relacionamento prejudicado com as  pessoas, confusão de identidade pessoal e inconsciência do eu,  preocupação anormal com alguns objetos, resistência a mudanças no  ambiente, diminuição ou aumento de sensibilidade aos estímulos  sensoriais, reação de ansiedade excessiva ou ajuda em resposta à menor  mudança, perturbação da linguagem e da fala, perturbações da motilidade  (hiper ou hipoatividade), desempenho assimétrico nos testes de  inteligência com área de funcionamento normal a superior intercaladas  com áreas de atraso no desenvolvimento intelectual.
Em 1970,  Ajuriaguerra na 1ª edição do manual de psiquiatria infantil definiu a  psicose infantil como um transtorno de personalidade dependente de um  transtorno da organização de eu e da relação da criança com o meio  ambiente.
Tradicionalmente os psiquiatras definem o termo psicose  como um distúrbio no sentido da realidade. Em contrapartida, numa visão  psicodinâmica a psicose seria uma desorganização da personalidade  podendo então ser compreendida como uma confusão entre o mundo  imaginário e perceptivo na ausência do Ego (Freud), estrutura limitante  entre esses dois mundos.
Características do psicótico infantil:
§ Dificuldades de se afastar da mãe;
§ Problemas na compreensão do que vê;
§ Problema na compreensão dos gestos e da linguagem;
§  Alterações marcantes na forma ou conteúdo do discurso, repetindo  imediatamente palavras e/ou frases ouvidas (fala ecolálica), ou  utilizando-se de estereotipias verbais e de frases ouvidas anteriormente  e empregadas de forma idiossincrática. A inversão pronominal é comum, a  criança se refere a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do  singular ou do seu nome próprio.
§ Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à altura, ritmo e modulação.
§ Habilidades especiais.
§ Conduta socialmente embaraçosa.
§ Negação da passagem da alimentação líquida para sólida ou bulimia indiferenciada incorporando qualquer objeto pela boca.
Ao longo desse trabalho, as definições mais específicas classificadas quanto ao tipo de psicose infantil serão melhor abordadas
IV - INCIDÊNCIA
Segundo  a Organização Mundial de Saúde, o Distúrbio Autista é cerca de três  vezes mais comum em meninos que em meninas. Em relação a população em  geral, é de cinco em cada dez mil pessoas. Para Grunspun (1999), as  estimativas epidemiológicas da prevalência da esquizofrenia com início  na infância não são precisas e são calculadas na população infantil em  torno de 0,04%. A incidência é, em crianças, acima de sete a oito anos  de idade e é igual para os dois sexos.
V - CLASSIFICAÇÃO
Em  psicose infantil, a classificação encontra dificuldades devido às  divergências de pensamento sobre seu conceito entre os estudiosos. Para  superar esses obstáculos, recorre-se a classificações multiaxiais ( CID -  10 e DSM - III ), um sistema baseado num enfoque biopsicosocial e sua  etiologia relacionada é puramente descritiva.
Há algum tempo, as  classificações gerais das doenças mentais não mencionavam as psicoses  infantis. A primeira vez que a classificação internacional considerou os  distúrbios psicopatológicos próprios da criança foi em 1979 (CID 9),  propondo os seguintes títulos: Autismo infantil (síndrome de Kanner);  Psicose desintegrativa (síndrome de Heller); Psicoses infantis atípicas;  essa classificação parece já ultrapassada.
Os autores da DSM –  III (1980) classificam as psicoses da criança sob a denominação “  Distúrbios difusos do desenvolvimento”, preferem não utilizar o termo  “psicose” , fundamentados nas diferenças semiológicas importantes entre  as psicoses do adulto e da criança. Dividem o título em três itens:  Autismo infantil; distúrbios difusos do desenvolvimento com início na  infância;Distúrbios atípicos do desenvolvimento.
Na classificação  francesa encontramos a diferenciação segundo a idade, que se divide em:  Psicoses precoces, onde os sintomas apresentam-se antes dos quatro anos  de idade, não oferecendo à criança a possibilidade de adaptação ao meio  extrafamiliar; Psicose do período de latência ou Psicose infantil de  exteriorização tardia, se manifestam entre os cinco primeiros anos e a  puberdade; Psicose da puberdade e da adolescência.
Apesar dos  esforços de psiquiatras infantis e psicanalistas da criança, não há  ainda acordo completo entre os especialistas sobre uma classificação  única. 
Tipos de Psicose Infantil
De acordo com os  critérios diagnósticos da CID – 10, a esquizofrenia está classificada no  bloco entre F 20 e F 29, com múltiplos quadros clínicos.
Para a  psiquiatria norte-americana, a esquizofrenia seria uma reação e teria  como característica central um estado onde o paciente perderia o sentido  da realidade, na acepção psicanalítica de um conflito Ego X realidade.
A  DSM III define – a como um distúrbio mental com uma forte tendência à  cronicidade, de início na juventude, quase sempre levando à uma  deterioração do funcionamento psíquico pré – mórbido e clinicamente  manifestado por uma síndrome psicopatológica que se expressa por  distúrbios do pensamento, afetividade e comportamento, na ausência de  doença cerebral demonstrável ou retardamento mental.
Moreira  (1986) considera a esquizofrenia uma só, seja afecção na criança ou no  adulto resguardando as características peculiares quanto à faixa etária  de maior incidência sobre a doença.
Para ser considerado psicose,  Mc Hugh (1977) remete que deve produzir distúrbios na esfera do  pensamento e da percepção que não sejam graves para haver distorções  entre a realidade circundante e a relação dos fatos que nela ocorrem.
O  termo psicose é usado ocasionalmente, como eufemismo para loucura  alguma vezes sinônimo de esquizofrenia (uma das entidades dessa  categoria) e em outras ocasiões como depressão psicótica e neurótica. O  termo não qualificado pode receber qualificativos pela diferenciação  entre psicoses orgânicas e funcionais.
Psicoses orgânicas: delírio, demência e síndrome de Korsakoff.
Psicoses funcionais: esquizofrenia, psicose maníaco - depressiva.
A  esquizofrenia é, entre as doenças mentais, a que acarreta mais  prejuízos. É um distúrbio do psiquismo e da personalidade, que se  manifesta com a consciência lúcida, caracterizado por diversas  alterações nas experiências psíquicas nos padrões de pensamento e humor.
A  hereditariedade é um fator etiológico importante pois sabe-se que a sua  freqüência é aumentada nos familiares de pacientes. Sendo as chances de  desenvolver esquizofrenia maiores, quanto mais próximo for o grau de  parentesco com o paciente. 
1.1. Quadro clínico:
as  características iniciais da esquizofrenia são delírios, alucinações,  linguagem e comportamento desorganizados, como sintomas positivos.  Apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruência de  respostas emocionais e retraimento social com falta de iniciativa. A  sintomatologia é muito parecida à do adulto sendo o início infantil mais  grave do que no início adulto.
Aborda-se a seguir os sintomas essenciais da esquizofrenia infantil:
Ø Distúrbios do conteúdo do pensamento:
As  alucinações e delírios são os primeiros aspectos percebidos. São ego  sintônicas, ou seja, crianças esquizofrênicas nem sempre vêm como  invasivas e estranhas. Lidam bem com os sintomas que lhe parecem  naturais porque se iniciam precocemente e de forma insidiosa. O  desenvolvimento das alucinações e delírios se torna de maior  complexidade com o tempo.
Ø Distúrbios da cognição:
Esquizofrênicos  sofrem de um prejuízo leve da cognição. As crianças submetidas a testes  psicológicos de inteligência generalizada apresentam um QI abaixo da  média ( entre 80 e 90 ). Nas medidas de aspectos específicos da  cognição, os prejuízos podem ser graves, e, em outros aspectos, pode  haver resultados elevados.
Ø Distúrbios da afetividade:
Observa-se  rigidez das disposições afetivas, fixação de certos interesses e  ausência ou diminuição da atenção espontânea, inadaptação ao real e a  fuga à realidade, acentuada violência nas reações de angústia ou defesa,  estereotipias no comportamento, nas ocupações, na linguagem , bem como  fenômenos de perseveração e ecolalia. Todos esses fenômenos ocorrem de  forma particular à personalidade de cada indivíduo.
Autismo
Segundo a American Society for Autism (ASA), o autismo é uma  inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por  toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros  anos de vida.
A definição aceita pela National Society for Autisc  Children e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que: “o autismo é  uma síndrome presente desde o nascimento e se manifesta invariavelmente  antes dos trinta meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais à  estímulos auditivos ou visuais, e por problemas graves quanto à  compreensão da linguagem falada. A fala custa a aparecer, e, quando isto  acontece, nota-se ecolalia, o uso inadequado dos pronomes, estrutura  gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos. Há também, em  gera, uma incapacidade na utilização social, tanto da linguagem verbal  como da corpórea. Ocorrem problemas muito graves de relacionamento  social antes dos cinco anos de idade, com incapacidade de desenvolver  contato olho a olho, ligação social e jogos em grupos. O comportamento é  usualmente ritualístico e podem incluir rotinas de vida anormais,  resistência a mudanças, ligação a objetos estranhos, e um padrão de  brincar estereotipados. A capacidade para pensamento abstrato- simbólico  ou para jogos imaginativos fica diminuída... ”
Conforme o  National Society for Autistic Children (NSAC) e a American Psychiatric  Association, os sintomas incluem: anormalidade no ritmo de  desenvolvimento e na aquisição de habilidades físicas, sociais e de  linguagem; respostas anormais dos sentidos. O autista pode Ter uma  combinação qualquer dos sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio,  dor e paladar); ausência, atraso ou falta de linguagem; modo anormal de  relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos;
Existem  sintomas específicos observáveis na conduta do modo relacional da  criança que podem auxiliar no diagnóstico para Síndrome do Autismo, são  eles: não se misturam com outras crianças; age como se fosse surdo;  resiste ao aprendizado; não demonstra medo a perigos reais; resista a  mudanças de rotina; usa pessoas como ferramentas; risos e movimentos não  apropriados; resiste ao contato físico; acentuada hiperatividade  física; não mantém contato visual; apego não apropriado a objetos; gira  objetos de maneira bizarra e peculiar; às vezes agressivo e destrutivo;  modo de comportamento indiferente e arredio. 
2.1. Características clínicas:
Ø Incapacidade qualitativa na Interação Social:
- Ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de pessoas e comportamento invasivo);
- Não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto ocorre se dá de modo estereotipado;
- Imitação ausente ou comprometida ;
- Ausência ou deficiência no contato olho a olho.
Ø Incapacidade qualitativa na comunicação verbal e não verbal e na atividade imaginativa:
o  Ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo, expressão  facial, mímica ou linguagem falada; ausência de contato visual,  retraimento ao contato físico, ausência de antecipação;
o  Deficiência na atividade imaginativa, como representação de papéis de  adultos, personagens de fantasias ou animais; falta de interesse em  estórias sobre acontecimentos imaginários;
o Alterações na  linguagem que se estende da anormalidade no uso dos pronomes pessoais  até a ecolalia ou até a ausência absoluta da fala;
o Incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma conversa com outros e também age como se fosse surdo;
o Opõe-se ao aprendizado.
Ø Repertório restrito de atividades e interesses:
o Estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão, ausência da noção de perigo);
o  Interesses restritos (interesses por objetos rotatórios, interesse em  empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato);
o Resistência a mudanças no ambiente;
o Insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira).
Através  de pesquisas detectou-se que 30% dos autistas têm QI normal ou acima da  média; por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes, como  por exemplo: se saem muito bem em atividades esportivas, em desenhos,  pinturas, músicas, e podem até apresentar uma memória invejável, capaz  de armazenar a mais remotas reminiscência (memória mecânica). 
Avaliação
A avaliação de terapia ocupacional possui variáveis que dependem de  vários aspectos como grau de comprometimento do paciente e idade com que  a criança chega ao serviço.
Na ocasião da avaliação, é necessária a presença dos pais ou responsáveis por se tratarem de crianças que não possuem autonomia.
A  avaliação deve ser uma constante, especialmente porque, no primeiro  contato não é possível estabelecer um vínculo satisfatório, aspecto esse  primordial para a observação da criança.
É indispensável uma  colheita de história adequada para se fazer uma correta formulação  diagnóstica. O profissional precisa ter conhecimentos adequados e atuais  quanto ao desenvolvimento normal e anormal da criança.
Na  avaliação as informações estão baseadas em dados objetivos, que  proporcionam indentificação das capacidades para tarefas lúdicas,  sociais, perceptivas e motoras e limitações na qual pode-se traçar a  proposta de tratamento.
Segundo Spackman(1998), as crianças com  transtornos psiquiátricos apresentam vulnerabilidade no comportamento,  afetividade e relacionamento interpessoal, estes aspectos devem ser  vistos em primeiro lugar. Estas crianças apresentam déficit na área de  destreza, por isso é necessário que realize, também, a avaliação motora e  visuomotora.
Deve-se prestar atenção ao conteúdo, tipo e  qualidade das brincadeiras da criança. Muitos psicóticos parecem  privados da capacidade de iniciar e organizar suas próprias  brincadeiras. É útil perguntar o que faz a criança quando entregue à sua  própria iniciativa. Se ela brinca de maneira adequada ou tende a se  envolver em atividades repetitivas ou esterotipias motoras. 
Tratamento
A  intervenção terapêutica – ocupacional para com o psicótico infantil  objetiva essencialmente a busca de possibilidades que auxiliem esses  pacientes a participarem de forma mais consistente em seu meio.
Diversos  aspectos estão envolvidos no processo de tratamento oferecido pela  terapia ocupacional, esta deve estar direcionada para as limitações da  criança, como incapacidade de abstração, de expressão verbal, na  interação social recíproca, etc.
Existem diversas orientações  teóricas que oferecem um suporte às práticas do terapeuta ocupacional:  desenvolvimental, comportamento ocupacional, integrativo-sensorial,  aquisicional, biomecânica, reabilitativa e psicanalítica. Esta última  com uma visão psicodinâmica, na qual a terapia ocupacional enfatiza a  relação terapêutica e as atividades como fundamentais no processo de  tratamento. Isso é considerado por que é através da comunicação que se  estabelece no nível da linguagem do concreto (ação e expressão) e  através do vínculo que se estabelece com o paciente que, como argumenta  Benneton (1989) pode-se chegar a uma compreensão e intervenção na  dinâmica do processo experienciado pelo paciente.
“... As  atividades vistas como possibilidades de manter a realidade externa,  isto é, de ampliar o campo da consciência, assim o são por propiciar o  auto – conhecimento e conseqüentemente o de fazer – se conhecer. Tal  proposta abarca o apreender para aprender, incluindo também o caráter  afetivo da aprendizagem na terapia ocupacional” (Benneton, 1989, p. 47).
A  intervenção terapêutica atenta para dois aspectos básicos presentes na  realidade e dificuldade da criança psicótica, tanto o lado  afetivo/emocional quanto os aspectos cognitivos; de uma forma integrada,  através da realização das atividades e da relação que se estabelece.  Geralmente, na dinâmica firmada no processo de terapia ocupacional, as  interpretações verbais em relação à criança não estão presentes. Todas  as compreensões do psicótico pelo terapeuta devem ser dinamizadas de  forma contextualizada nas ações que se processam durante o tratamento.
Para  Fernandes (1988), no uso de atividade como proposta reabilitatória, há  uma dinâmica particular entre três elementos básicos: terapeuta –  atividade – paciente. Existem situações onde a atividade funciona como  objeto intermediário entre o terapeuta e o paciente. Em outros, o  terapeuta é que funciona como uma ponte entre o paciente e a atividade.
Um  objetivo difícil e ao mesmo tempo básico para o desenvolvimento do  tratamento do psicótico em um processo de terapia ocupacional, diz  respeito ao estabelecimento da relação terapêutica o qual será o caminho  a seguir possibilitando o tratamento em si e dando um grande primeiro  passo de sucesso obtido entre a criança e o terapeuta.
As sessões  de terapia ocupacional concedem um reconhecimento recíproco do nível e  da forma com que a criança é capaz de se mostrar, através dos materiais  que explora, da rotina que se forma , do contato que realiza ou não com o  terapeuta, etc. geralmente, a criança psicótica não apresenta  habilidades básicas, sendo o seu fazer tão escasso quanto o seu contato  com o mundo externo, tornando de fato a formação da relação um  investimento especial. O reconhecimento do terapeuta pela criança como  lhe for possível, já faz parte das metas do tratamento.
Outro  objetivo a ser enfatizado é a necessidade da compreensão pela criança  dos limites e espaços que podem ser utilizados por ela e pelo terapeuta.
Um  terceiro aspecto a ser colocado relaciona-se à procura de aproximação  ou chance de uma situação de brincar que precisa ser contextualizado  quanto ao que se pensa, ou seja, deve-se considerar as maneiras  primárias da brincadeira, percebendo-as como forma de comunicação da  criança e expressivas no campo da abstração e simbolização.
IX - RECURSOS TERAPÊUTICOS:
O  uso de atividades terapêuticas com pacientes psicóticos tem um valor  representativo importante, pois permite a expressão de seus sentimentos e  emoções fornecendo dados sobre seus gostos, desgostos e conflitos que  muitas vezes não podem ser verbalizados por ele.
É preciso ter em  mente os objetivos do tratamento que pretende-se atingir, a partir de  um plano sobre quais as áreas precisam ser direcionadas, para que assim  possa ser preparado um programa de atividades que sejam desenvolvidas  durante as sessões terapêuticas.
Conforme Spackman (1998) as duas  metodologias mais utilizadas pela terapia ocupacional no tratamento do  autista são a integração sensorial e a terapia comportamental.  Considera-se que esse método pode ser utilizado com o psicótico infantil  no geral.
Por se tratarem de crianças, o brincar enquanto  recurso terapêutico, é a atividade predominante utilizada nessas sessões  de terapia ocupacional. As brincadeiras características dessas crianças  tendem a ser pouco variadas e criativas, estas insistem na resistência  às mudanças permanecendo em sua maioria, nas brincadeiras de rotina. No  entanto o profissional que acompanha deve estar atento ao fato de que,  ocorrendo progressões, estas brincadeiras terão de ser modificadas e  executadas de forma nova e criativa.
Os psicóticos também brincam  em termos muito concretos, eles têm dificuldades na simbolização(faz de  conta) por isto, faz-se necessário que o terapeuta crie situações que  possam estimular o envolvimento destes em atividades imaginárias. “  apesar da imaginação ser um elemento básico da recreação típica  infantil, ela desenvolve-se apenas depois de a criança dominar um  entendimento complexo das propriedades do seu corpo, dos objetos e  pessoas”. “ Talvez a terapia para essas crianças precise ser iniciada  ajudando-as a sentir-se suficientemente seguras com o seu corpo, a fim  de experimentarem com fingimento que ela ou um objeto assume uma função  que na realidade não existe.” ( Mailloux e Burke, 2000).
O uso da  fantasia pode ajudar a criança a explorar os sentimentos e as idéias,  auxiliar as resoluções dos conflitos e trazer à tona uma mudança  cognitiva, além de favorecer a interação social.
A introdução de  temas lúdicos é importante pois pode tornar as atividades desafiadoras  mais interessante e pode encorajar o envolvimento com maior duração.
Os  pacientes psicóticos não têm noção de seu próprio esquema corporal, é  como se todos as partes de seu corpo estivessem separadas, fragmentadas.  A inclusão da expressão corporal no programa de tratamento contribui  para que este possa desenvolver sua própria imagem.
O terapeuta  ocupacional desempenha um papel fundamental no direcionamento das  atividades de vida diária, visando assim uma melhor autonomia e  independência nessas atividades que podem estar comprometidas. Esse  profissional também se preocupa com o desenvolvimento dos processos  senso-perceptivos infantis. Esses processos influenciam  proporcionalmente nas AVD´s, uma vez que estando os aspectos  sensórios-perceptivos alterados, essas atividades estarão comprometidas.
Neste  contexto, deve-se direcionar seus objetivos para facilitação e estímulo  das capacidades sensoriais ( visuais, auditivas, táteis,  vestibulares...), proporcionando uma maior interação com o meio ambiente  físico. Pode-se utilizar atividades que possibilitem ao psicótico  experienciar a complexidade destas percepções.
Outro aspecto  importante a ser trabalhado é promover a interação social com essas  crianças. Esses pacientes demonstram problemas no nível social.  Apresentam dificuldades na compreensão do outro, ocasionando uma falta  de interesse pelas pessoas não mantendo contato afetivo com estas. Para  isto, torna-se imprescindível o atendimento grupal, a fim de estimular  essa compreensão, e promover a socialização da criança.
É  necessária, portanto, a ajuda familiar nesse processo de acompanhamento  durante as sessões terapêuticas seguido de orientações para a  continuidade desses estímulos em seu próprio lar.
Conclusão
É  fundamental perceber a criança em toda a sua singularidade, captar toda  sua especificidade, num programa direcionado a atender as suas  necessidades especiais. É a percepção desta singularidade que vai  comandar o processo e não um modelo universal de tratamento.
Através  deste trabalho pudemos perceber o quanto terapia ocupacional é  necessária para o tratamento do paciente psicótico. De uma maneira  geral, é importante que a Terapia Ocupacional coloque a criança  psicótica em contato direto com o que ela pode fazer para suprir suas  necessidades básicas e essenciais ao seu desenvolvimento, também com o  papel de orientar a família de como faze-la realizar ações que favoreçam  o seu convívio social, ensinando-lhe também os limites dos quais deve  obedecer.
Encontramos pouca literatura sobre a esquizofrenia infantil assim, achamos necessária uma pesquisa mais aprofundada.
fonte:  http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/articles/article.php?id=44
 
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