Autismo
CAPÍTULO 26 - Amor, meu grande amor...
Com o tempo fomos ensinando o Nicolas que estar em lugar cheio de pessoas nem sempre era ruim e o encorajávamos a ir a alguns lugares que para qualquer pessoa seria considerado “quase cheio”, mas para ele era “mais que lotado”!
Começamos a levá-lo à praia em dias nada movimentados, especialmente nas férias de julho, para que ele fosse se acostumando. Uma das vezes que fomos à praia ele percebeu que na rua onde passávamos para ir da casa à praia havia vários bares e restaurantes. No segundo dia que estávamos indo, eu percebi que ele diminuía o passo a cada bar que passávamos em frente e ficava olhando para dentro. Eu perguntei o que havia chamado sua atenção, mas ele não respondeu. Como o caminho até a praia durava uns 15 minutos, eu perguntei novamente. Somente na terceira vez que eu perguntei foi que ele me disse que estava olhando os ventiladores.
Quando mostrei interesse para que ele me explicasse os ventiladores, para que desta forma eu o incentivasse a falar sobre algo que ele adorava, ele foi me mostrando que, dependendo do estabelecimento, os ventiladores tinham uma localização diferente, fosse no teto, ao lado, de frente, e assim por diante.
Na volta da praia ele já ia olhando para a direção certa de onde estaria o ventilador daquele estabelecimento e notamos que ele estava certo: havia um padrão nos estabelecimentos onde, dependendo se era um bar, um restaurante ou um mini-mercado, todos tinham os ventiladores colocados na posição do outro estabelecimento de mesmo ramo.
Ele ficava super feliz, porque além de ir à praia, ainda ganhava de brinde uma rua com vários ventiladores em todos os estabelecimentos. E padronizados! A alegria dele nesses dias era contagiante.
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