Observações sobre a Reportagem para o "O Globo"
Autismo

Observações sobre a Reportagem para o "O Globo"


Link para a reportagem no Facebook: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=513506495355701&set=a.123958997643788.9532.115230991849922&type=1&theater


Link para a reportagem no jornal online: http://oglobo.globo.com/saude/uma-possibilidade-de-cura-para-autismo-7328006

Na reportagem dada ao Jornal O Globo, "Uma possibilidade de cura para o autismo", percebemos a reação de algumas pessoas contra o assunto, mas também percebemos uma maioria esperançosa.

Os comentários são sempre mais positivos e vários pais se alegram com a notícia e a distribui cheios de esperanças. Mas há aqueles que se revoltam com o assunto e saem metralhando e criticando. Seja por recalque, falta de crença ou até mesmo ignorância.

Por que será que isso acontece? 

Voltamos ao assunto mais que tratado: diferença de opinião existe, sempre existiu e sempre existirá. É saudável e necessária para a evolução humana. Voltamos também ao velho dizer "a unanimidade é burra". E o mais importante: RESPEITAR O PRÓXIMO, SEUS DESEJOS E OPINIÕES.

Mas vale ressaltar aqui: Lembram-se que já falamos que existem diferentes tipos de autismo e que nenhum autista, assim como neurotípicos, são iguais? Que cada caso é um caso, assim como em qualquer outro campo? Então! Qual o motivo de tanto alvoroço quando um pai/mãe quer a cura para seu filho? EU NÃO BUSCO CURA PARA O NICOLAS, já disse e repito: BUSCAMOS QUALIDADE DE VIDA. a única cura que tenho buscado, é a cura para o preconceito e o fim da intolerância. Logo, entendo quando vejo pais esperançosos. Não é todo autista que sofre, mas há sim, uma grande parte que sofre, pois o autista não é alheio ao que acontece ao seu redor. O autista sabe o que se passa e sabe que está sendo mal-interpretado, sabe que está sofrendo bullying, sabe que as pessoas estão sendo impacientes porque não conseguem entendê-los, sabe porque sofre preconceitos em diversas áreas, etc. Então, eu não tenho a necessidade de curar o Nicolas, mas se algum pai acredita e o quer, EU RESPEITO. 

Como posso exigir respeito ao meu filho se eu não respeito o próximo? Como posso exigir uma sociedade mais justa, se ajo de forma injusta?

Quando fui entrevistada pela repórter, várias questões me foram feitas. Porém, a reportagem não era sobre mim ou sobre a "cura" do meu filho (que não existe até hoje e não estou à procura nem dela e nem do Santo Graal), logo, só foi usado o que era pertinente para a reportagem. 

No caso do Nicolas, não procuro cura. Explico: o que eu teria que fazer para curá-lo? Curá-lo de que? Hoje em dia ele não é mais aquela criança fria e distante. Ele é meigo, carinhoso, fofo demais, inteligente em algumas áreas e em outras nem tanto (como qualquer um!), muito ligado à família e um brilhante palestrante. Não caberia aqui descrever todos os seus pontos positivos, pois escreveria eternamente.

Com o autismo, o Nicolas era: frio, distante, não se comunicava verbalmente, gritava quando era contrariado ou quando algo lhe assustava, não mantinha contato físico ou visual conosco, pois não gostava de ser beijado ou abraçado, não saía para lugar algum conosco, sociabilização zero, amigo = nenhum, interação de qualquer forma com a família era praticamente inexistente (somente quando ele precisava de algo ele nos procurava, senão não existíamos), e sempre demonstrava viver em um mundo paralelo ao nosso.

Nosso pensamento era: Somos mortais e não temos a menor ideia de quando deixaremos este mundo. E o Nicolas? Como irá se comunicar? Como as pessoas o entenderão? Quanto ele irá sofrer se continuar a se bater toda vez que for contrariado? Como ele irá explicar uma dor? Ele irá acabar em um manicômio sem ninguém para ajudá-lo ou entendê-lo... Ele não é autista de auto funcionamento e nem Asperger, é clássico, então não haveria  muitas formas de lhe proporcionar qualidade de vida. Nossa luta começou e é diária. Até hoje, sem pularmos nenhum dia... E é uma luta maravilhosa, que nem chamo mais de luta, mas de caminho a ser percorrido. Não me sinto mais lutando, me sinto realizando. Volto a dizer: só luto pela conscientização e para acabarmos com o preconceito.

Li alguns Aspergers dizerem: Quem precisa de cura são os neurotípicos, porque nós somos felizes!


Como um único indivíduo pode falar por milhões? Se age dessa forma, como pode exigir respeito? Respeito não se exige, se conquista e é um processo que todos devemos entender. Ser Autista ou Asperger não é motivo para ser mal educado. Sei disso porque tenho ensinado meu filho a continuar com suas características, mas a ter bom senso. Aquela agressividade já é bem imperceptível no Nicolas, mas é claro que ele não concorda com algo e não tiramos seu direito de opinião, porém, o ensinamos a se expressar e a dar sua opinião sem atingir o próximo.


Nossa principal missão: PREPARAR O NICOLAS PARA O MUNDO E PREPARAR O MUNDO PARA O NICOLAS. Ele não nasceu com plena capacidade de entender o mundo dos neurotípicos e os neurotípicos não nasceram com a plena capacidade de entender o mundo do autismo, mas temos o poder em nossas mãos de fazermos adequações de ambos os lados para que essa convivência seja maravilhosa.



EU AMO MEU FILHO AUTISTA, por isso caminho ao lado dele!







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