Enviado por Carlos Alberto Teixeira -
fonte: PUC-Rio: Games para crianças e jovens autistas
Dois alunos do mestrado do Departamento de Informática da PUC-Rio desenvolveram jogos para crianças autistas. A temática dos dois jogos foi a mesma, mas o assunto semelhante foi pura coincidência.
Com o auxílio de fonoaudiólogos, psicólogos e o feedback de mães de algumas crianças, o aluno de mestrado
Rafael Cunha criou um game de computador para desenvolver o vocabulário e ajudar no aprendizado de palavras e imagens para crianças autistas de 5 a 9 anos.
A partir de uma interface atrativa, as crianças aprendem a distinguir objetos como tênis, sapato e chinelo, por exemplo, e, de acordo com as necessidades específicas de cada uma, é possível acrescentar outras palavras. O visual é bem infantil, com um esquilo simpático comandando as palavras e imagens.
— Fui incentivado pela minha esposa, Luciana Reis, que é fonoaudiologa. Na época ela procurava softwares educacionais apropriados para crianças com autismo. Então, percebemos que no Brasil existe uma carência de softwares educacionais apropriados para essas crianças — conta Rafael, de 32 anos. — Comecei a pesquisar e vi que muito podia ser feito e que os computadores podiam ajudar. Com eles é possível criar ambientes controlados, interessantes e sem distrações. Essas são consideradas características importantes para o sucesso no tratamento de pessoas com autismo.
Rafael relata que o desenvolvimento do conceito do game durou seis meses, e mais três meses de desenvolvimento para chegar uma primeira versão operacional.
— A próxima versão do game será para iPad, iPhone e dispositivos Android, incluindo mais personagens, cenários e novas palavras — explica. — A versão do jogo utilizada na pesquisa estará disponível até junho deste ano e, para usá-la, basta o usuário ter um computador com acesso à internet e um navegador com o plugin Adobe Flash Player instalado. O game ficará hospedado no site <jogoseducacionais.com>.
Os pais aprovaram os resultados com as crianças que participaram dos testes, comentando que elas aumentaram seu vocabulário e melhoraram na questão do foco e da concentração. O jogo estará disponível na internet assim que for testado em todas as plataformas e suas respectivas ferramentas (Android, Flash, tablets etc.). Mas já é possível mostrá-lo como funciona e todas as suas características.
O outro jogo foi criado pela estudante colombiana de mestrado
Greis Mireya Silva Calpa, de 26 anos. Chamado PAR (de “Peço, Ajudo, Recebo”), o game é instalado em uma mesa touchscreen que permite a interação social de jovens autistas, entre 12 e 17 anos. No aplicativo, que poderá ser customizado conforme as necessidades de cada um, o jovem autista só consegue desenvolver uma tarefa se tiver ajuda de outra pessoa que também tenha a doença, o que o ajuda a identificar a importância de estar integrado aos demais. Uma das tarefas é vestir um time de futebol com um uniforme bem parecido com o da seleção brasileira. A mesa touchscreen está sendo testada desde 24/04 com oito crianças e jovens do Instituto Ann Sullivan, especializado no tratamento do autismo <institutoannsullivan.org.br>.
— A interface humano-computador apresenta muitas vantagens que podem ser usadas para usuários autistas, cuja população tem aumentado muito nos últimos anos — diz Greis. — Foi por isso que me interessei em pesquisar aplicações computacionais desenvolvidas para interfaces multitoque que permitem a interação de mais de uma pessoa ao mesmo tempo, contribuir no apoio do tratamento da interação social de usuários autistas.
O projeto de Greis começou em setembro de 2011, inicialmente pesquisando o autismo em si e estudando todo tipo de pesquisa apropriada para definir como iria ser desenvolvido o trabalho.
— A implementação foi desenvolvida em duas etapas, a primeira relacionada com o desenvolvimento do software e a segunda com a aplicação do software na população alvo. O desenvolvimento durou cinco meses e, no momento, estamos acertando os últimos detalhes do software para sua aplicação com os usuários — explica.
A mesa multitoque baseia-se no modelo DI (Diffuse Illumination) e consiste numa superfície de acrílico de 50 polegadas, com projetor utilizado um projetor para criar a superfície de toque.
— O software usado é o Community Core Vision e o protocolo empregado é o TUIO (Tangible User Interface [Open]), para realizar o tratamento dos toques sobre a superfície da mesa. A mesa foi desenvolvida na própria PUC-Rio, pelo TeCGraf, o grupo de tecnologia em computação gráfica — explica Greis.
A estudante pretende desenvolver uma segunda versão, mas, afirma que os melhoramentos necessários só serão identificados após a análise dos resultados obtidos na aplicação da versão em curso.
— Pretendo patentear o sistema assim que tiver os resultados coletados na aplicação desta primeira versão — revela. — Mas, quanto a comercializar o sistema, por ser uma implementação feita para usuários que precisam de apoio, é bem mais importante que seja disponível gratuitamente para quem precisar.
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