Autismo
DOIS ANOS DE 2 DE ABRIL
 
 
Patrícia Trindade
 Era 2 de  abril de 2011 e o diagnóstico de autismo do Luca tinha entrado na nossa  vida havia menos de dois meses. Eu me lembro que estávamos indo para a  festinha de aniversário do Pedro, filho de uma amiga do coração hoje, a  Ju, em Botafogo. Tinha acabado escurecer. Eu ainda não conhecia as mães  daquela festa. Mães que hoje são grandes amigas e ouvintes... Ele era  coleguinha do Thiago, em uma escola nova. Era a primeira festa da turma.  Não conhecia nin
guém. E era o nosso  primeiro evento social depois do diagnóstico. Naquela época, eu achava  que não tínhamos muito motivo para comemorar a vida… Mas resolvemos ir  assim mesmo.
 
 Era um sábado. Viramos o carro na rua São Clemente  e lá estava ele, lindo como sempre, imponente, com os braços abertos,  acolhedor, sagrado, de tirar o fôlego. E azul!!!! O Cristo Redentor é  maravilhoso na visão que se tem do início da rua São Clemente, uma das  principais ruas de Botafogo, na zona sul do Rio. E eu nem me toquei que  ele estava azul por que era o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.  Nessa época, eu mal conseguia falar a palavra "autismo" em voz alta.
 
 Um ano depois, 2 de abril de 2012, eu escrevia o meu primeiro texto no  site Na Pracinha.com. Era um testemunho sobre o que era para mim ser mãe  especial. Uma descrição desse novo mundo. Depois de um ano muito  doloroso, de compreensão, de mergulho nesse novo mundo, eu estava pronta  para escrever. Eu, que sempre escrevi sobre tantas coisas, passei um  ano reclusa, sem conseguir falar no assunto.
 
 Escrever minhas  experiências com o Luca nesse último ano e o dia a dia da minha família  nesse espaço maravilhoso e nas redes sociais foi uma catarse e é até  hoje. Chorava várias vezes enquanto digitava. Reabria feridas para - só  agora vejo isso - fechá-las de maneira serena, saudável, sem a mágoa, o  rancor e a desesperança que a gente carrega no início do diagnóstico. As  lágrimas que escorriam pelo rosto lavavam a minha alma. E lavam até  hoje.
 
 A Patrícia de 2 de abril de 2013 é muito diferente da de  2011. E o Luca também. Naquele 2 de abril de 2011, ele era não-verbal.  Fazia birras homéricas, se jogava no chão, gritava, não se comunicava,  não olhava, não respondia, não interagia. Era hiperativo, não parava  quieto. Não se concentrava. Tudo o que eu queria naquela época era que  ele falasse e voltasse a me chamar de "mamãe". Que ele voltasse a falar  "papai".
 
 A Patrícia de hoje é mais informada. E mais  conformada. Mais paciente e mais calma. Ainda sou um furacão. Mas,  aprendi a canalizar essa força para as coisas produtivas. Aprendi quais  as brigas devo comprar e que o autismo não é mais um inimigo. Como pode  ser? Ele faz parte do meu filho… Eu preciso é entendê-lo para poder  entender o Luca.
 
 O Luca de 2013 ainda é hiperativo, ainda tem  dificuldades de se comunicar e de interagir. Se concentra pouco. Mas já  fala, identifica as letras e escreve o próprio nome. Se, em 2011, o  desafio era saber se ele iria um dia falar, o desafio de agora é saber  se um dia ele vai ser alfabetizado… E é assim, nossa vida de mãe  especial: vencer desafios.
 
 Hoje cedo, antes de vir trabalhar,  revirei meu guarda-roupa em busca de uma blusa azul. Como boa  atleticana, não tenho lá muitas roupas azuis. Encontrei uma antiga, meio  velhinha, coitada, meio apertada… Deixei de saber! Botei um cinto, um  salto alto, um brincão de argola, um batom bem bonito e um sorriso no  rosto e cá estou eu, de azul, para lembrar, não para os outros, mas para  mim mesma, que lutar pelos diferentes é e sempre será parte importante  da minha vida!  
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