Desfralde - artigo da Revista Autismo
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Desfralde - artigo da Revista Autismo


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 Por Carolina Dutra Ramos

O atraso de desenvolvimento presente no autismo dificulta a aquisição de habilidades, diferentemente de pessoas com desenvolvimento típico, que a medida que crescem desenvolvem maior independência de modo gradual e progressivo. Com isto, é necessário que seja ensinado às pessoas com autismo tudo, até mesmo o que parece uma habilidade simples que ao longo da vida aprende-se de forma espontânea, para eles tem que ser ensinada.
Um problema levantado pelos pais de pessoas com autismo é a dificuldade em tirar a fralda dos filhos.
Inicialmente, o mais importante para começar o desfralde de alguma criança com autismo é ter em mente que será necessário paciência, persistência e confiança, porque para obtermos sucesso no desfralde, é indicado iniciar quanto mais cedo possível, em torno de dois anos e meio e três anos de idade. E ao tomar a decisão de iniciar o desfralde, a fralda não deverá mais ser colocada novamente na criança em nenhum momento seja para dormir, passear de carro, ficar na escola.

Como já foi explicado anteriormente crianças com autismo são diferentes de crianças com desenvolvimento típico, sendo assim sua mente fica confusa, sem saber quando pode fazer as necessidades na fralda ou não.
Pode ocorrer de algumas crianças segurarem suas necessidades até o momento em que é colocada a fralda, por fazerem associação de que xixi e cocô é só na fralda. Por isso é necessário que ela associe as suas necessidades agora ao vaso sanitário e não seja mais colocada a fralda.
É recomendado levar a criança ao banheiro com frequência, inicialmente com pequenos intervalos de tempo, deixando sempre a criança no vaso sanitário um tempo também inicialmente reduzido.
Começamos com os pequenos intervalos de tempo que devem ser aumentados conforme o desenvolvimento do ensino. Exemplo: iniciou-se o treinamento com um intervalo de dez em dez minutos, deixando a criança de 30 segundos a um minuto no vaso sanitário, foi observado que a criança está fazendo várias vezes as suas necessidades no vaso sanitário, com isso pode-se aumentar o intervalo de tempo de idas ao banheiro para 15 em 15 minutos e assim sucessivamente.
Sugere-se também registrar os horários em que ocorrem o xixi e o cocô para ser possível ter uma noção de seus horários e lhe dar uma idéia do tempo de intervalo que pode ser praticado com a criança.
O tempo que se permanece no banheiro tem que ser prazeroso, deve-se levar brinquedos, música, algo que seja bom e que a criança goste, para que a ida ao vaso sanitário seja positiva e reforçadora a ela.
Lembrando das palavrinhas chaves: paciência, persistência e confiança, deve-se durante a noite acordar para levar a criança ao banheiro também. Recomenda-se que não dê muito líquido a ela no período da noite. Se não for possível acordar a criança durante a noite, devido a um distúrbio de sono, que seja colocada a fralda com ela dormindo e retirada antes de acordar.
Quando fizerem qualquer necessidade no vaso sanitário, deve-se elogiar e reforçar com algo que a criança gosta. A questão do reforço é algo muito bom para obtermos resultados positivos, pois motiva as crianças. Os reforços podem ser: receber um brinquedo, ouvir a música que gosta, ver o DVD que gosta, ganhar uma guloseima (um pedaço de chocolate, bala, salgadinho), cantar para ele ou apenas um elogio social (Muito bem! Parabéns!) entre outras coisas que a criança goste.
Esses reforços também aos poucos vão sendo retirados, assim que a criança começa a associar suas necessidades fisiológicas ao banheiro e começa a obter o controle esfincteriano. A retirada também deve diminuir aos poucos, em alguns momentos damos, em outros não.
É importante ter sempre em mente que não tem um tempo certo para a criança aprender, cada uma tem seu tempo.
Para obter sucesso é fundamental que todos que estejam envolvidos com a criança ajam igualmente com ela. Se apenas quando ela estiver com os pais ficar sem fralda, mas quando for para a escola ou para a casa dos avôs ficar de fralda, o treinamento será muito sofrido para a criança e a possibilidade de dar certo será menor.
Quando a criança obteve o controle esfincteriano e aprendeu a usar o banheiro, o próximo passo a ser ensinado deve ser ensinar-se a limpar-se com menos apoio.
Como em qualquer ensino, o importante para que a criança obtenha maior nível de independência e autonomia é não fazer nada por eles, e sim com eles, ou seja, para ensiná-los a limpar-se é necessário dar apoio para a criança se limpar, apoiando fisicamente sua mão e retirar essa ajuda gradativamente, aos poucos.
É possível que algumas pessoas com autismo necessite sempre de um pequeno apoio, mas é necessário que não desista de ensiná-los para que possam alcançar pelo menos um pequeno nível de independência.
Durante o desfralde, deve-se ficar atento a alguns sinais que podem vir a prejudicar a criança, como segurar muito tempo a urina ou prisão de ventre. Inicialmente é normal ocorrer prisão de ventre, porém, caso ocorra com freqüência, causando mal estar à criança, é aconselhável procurar orientação médica, tanto para prisão de ventre, quanto para segurar muito tempo a urina – para que não ocorra uma infecção urinária.
Tudo isso é fundamental para dar a chance das crianças desenvolverem suas habilidades de forma mais autônoma e independente, para uma melhor qualidade de vida presente e futura.

Carolina Dutra Ramos é pedagoga, com habilitação em educação especial e pós-graduada em Psicopedagogia, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Trabalha na Associação Amigos do Autisa (AMA), de São Paulo, desde 2004, e atualmente é coordenadora pedagógica das unidades Lavapés e Luis Gama da instituição. E-mail:  [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.




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