Depoimento da mãe Lorena Prado
Autismo

Depoimento da mãe Lorena Prado


Olá,meu nome é Lorena Prado, sou mãe de dois garotos lindos, o Marcos, um adolescente de 15 anos (fruto do meu primeiro casamento)e o João Pedro de 05 anos.
Em 2006 quando descobri que estava grávida, nossa...foi uma festa total em casa. Minha gravidez foi muito comemorada pelo papai, pelo irmão e por toda família.
Aos 17 dias do mês de Novembro numa linda manhã ensolarada o João veio ao mundo... Que alegria e emoção ao pegar aquele garotinho nos braços. Eu parecia mamãe de primeira viagem, afinal, 10 anos de diferença entre os dois...
Aos poucos meses de idade, o João começou apresentar comportamentos meio diferentes, sempre agitado,não dormia nem de dia e nem de noite, chorava muito, as vezes tinha surtos de raiva, mas o que mais me chamava atenção era que ele levantava sempre os bracinhos pra cima em movimentos repetitivos e tinha mania de enfileirar os brinquedos,e entrava em pânico em lugares estranhos para ele, principalmente com barulho,não se relacionava de jeito nenhum com criança, preferia ficar só ou com os adultos, mas era esperto, brincalhão, e se interessou por filmes, livros e computador muito cedo; adorava quebra cabeças e aos 02 aninhos ele já montava os de 60 peças.
Até os 02 anos de idade ele não falava, apenas balbuciava alguma coisa e só apontava para as coisas que queria.
Em um belo dia, quando ele já havia completado os 02 aninhos ele do nada começou a falar, e não assim devagarinho como as outras crianças; parece que tava tudo guardado em algum compartimento de sua cabecinha; ele começou a falar de tudo; coisas que assustaram todos em casa... uma graça; e depois desse dia nunca mais parou de conversar;
Eu sempre angustiada questionava aos pediatras sobre aquele comportamento, mas eles sempre diziam que era coisa de criança e que eu estava inventando doença pro meu filho.
Mas meu coração de mãe sempre dizia que tinha alguma coisa que não estava normal e logo que ele fez 03 anos resolvi sair da minha cidade e consultar uma neuropediatra; na primeira consulta a médica pediu um monte de exame inclusive ressonância magnética o que não apontou nada de anormal. Então a médica nos disse que ele apresentava traços de autismo mas ao mesmo tempo o achava muito esperto para ser autista; e ficou meio no achismo... o que me deixou muito mais insegura..
Mas a partir daí comecei a pesquisar e me interessar pelo assunto.
Mesmo só no achismo a médica resolveu prescrever sessões de fono(mesmo ele falando de tudo, mas para que melhorasse o diálogo, o que ele não conseguia manter) e escolinha pra que ele se socializasse, e assim eu fiz e foi ótimo, foi aí que ele começou a progredir.
Consegui então uma consulta com uma Neuropsiquiatra que é considerada a melhor de nosso Estado e foi a partir dessa consulta foi que fiquei sabendo o que meu filho realmente tinha... a médica disse: "Mãe, seu filho é um clássico Asperger, um dos espectros do autismo"...
Naquele momento parece que abriu um buraco na terra e engoliu a mim e ao meu esposo, mas ao mesmo tempo senti alívio pois agora sim eu sabia o que meu filho tinha e que tinha meios de lidar com a síndrome.
Fiquei quatro dias e quatro noites em choque, meu esposo se revoltou não queria de jeito nenhum aceitar o diagnóstico; as avós entraram em total desespero... uma loucura.
Depois desses 04 dias enlutada, resolvi erguer a cabeça e agir... meu filho precisava de mim...comecei a procurar profissionais que pudessem ajudá-lo, levei o diagnóstico pra escola, que por sinal é uma escola regular mas que trabalha com inclusão,( inclusive tem mais outros tantos autistas lá)e a partir daí começamos escola, família e profissionais terapeutas fazer um trabalho excepcional com ele.
Hoje o João faz o primeiro ano, escreve de tudo, mas odeia letra cursiva, só quer escrever com letra de forma; está lendo quase tudo, é fascinado por informática, já navega na web nas suas áreas de interesse, tem uma memória inacreditável capaz de decorar livros e livros de estória e até filmes, adora cantar, dançar e fazer teatro.
Deixei minha carreira profissional (sou bióloga) pra cuidar dos meus filhos e isso me faz muito feliz; meu esposo é muito companheiro e fazemos tudo pra ajudar o João. Temos um arcenal de brinquedos pedagógicos e jogos e aplicativos para estimular o João; o irmão mais velho é apaixonado pelo João e se dão super bem.
E é assim... o João vem crescendo e progredindo cada dia mais, se tornando cada dia mais independente e tenho certeza que vai melhorar muito mais.
Pra nós, pai de autistas cada passinho pra frente que eles dão pra nós é motivo de imensa alegria pois é com muito esforço de tanta gente que essas conquistas acontecem.
Só tenho a agradecer a Deus pelos meus filhos, pelo meu esposo e por todos os profissionais que trabalham com o João que com dedicação, empenho, e amor dão pra ele todo o suporte necessário.
Se eu disser que as vezes não fico triste e não choro, é mentira, mas na mesma hora ergo a cabeça e sigo em frente, pois meu filho precisa de mim..
Gostaria de deixar aqui um recado para os pais de autistas que não aceitam a síndrome: Nada acontece por acaso, tudo surge em nossa vida como forma de crescimento e modificação. Pensem nisso!!!
 
Abraços!!!



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