
Crianças  autistas podem vencer suas dificuldades principais e se tornar  solidárias, criativas e reflexivas? Um estudo de follow-up de 10 a 15  anos de um subgrupo de crianças com distúrbios do espectro autístico  (DEA) que receberam uma abordagem de desenvolvimento abrangente,  individualizada e baseada no relacionamento (DIR)
O  desafio de proporcionar aos indivíduos com Distúrbios do Espectro  Autístico (DEA) as melhores oportunidades de desenvolvimento tem  motivado pesquisadores e profissionais de diversas áreas e familiares a  uma busca constante por respostas e alternativas. A ausência de soluções  definitivas muito frequentemente gera, por um lado, a manutenção de  perspectivas dogmáticas e, por outro, aventuras em experiências  "inovadoras" sem o necessário respaldo científico ou a desejável  comprovação de resultados. 
A  construção de uma Prática Baseada em Evidências (PBE) é um importante  passo para a continuidade da consolidação da Fonoaudiologia brasileira. A  PBE demanda a integração de três princípios básicos: a melhor e mais  atualizada pesquisa disponível, a experiência clínica e os valores e  preferências do paciente/cliente.
Foi com essa perspectiva que as autoras optaram pela apresentação de uma resenha a respeito de um dos trabalhos publicados por Serena Wieder e Stanley Greenspan que há mais de uma década vêm pesquisando a respeito de uma abordagem terapêutica (DIR/Floortime) para crianças autistas baseada na participação familiar e publicando seus resultados. Recentemente ficou evidenciado o restrito conhecimento da comunidade fonoaudiológica brasileira a respeito desses trabalhos.
Os  autores iniciam seu trabalho afirmando que há muitas evidências de que  processos emocionais como companheirismo, atenção compartilhada,  reciprocidade afetiva e jogo criativo estão associados ao funcionamento  social, lingüístico e intelectual saudável. A seguir eles  propõem a questão: esses processos poderiam ser estimulados em crianças  com DEA de forma a possibilitar mais progressos do que se considerava  possível? Para responder a essa questão os autores apresentam um estudo  de follow-up com 16 crianças e famílias que participaram de um programa de intervenção abrangente de Desenvolvimento, Individualizado e baseado no Relacionamento (DIR/Floortime) que  focaliza as ações na construção de blocos de desenvolvimento de  relacionamentos, comunicação e pensamento. Esse programa também avalia e  intervém em aspectos individuais de processamento sensorial  (viso-espacial e auditivo), discriminação e modulação sensorial,  seqüenciamento e planejamento motor e padrões de interação. Nessa  perspectiva o foco é direcionado para os processos de desenvolvimento  que levam ao relacionamento, à comunicação e ao pensamento. 
A  descrição dos 16 sujeitos deste estudo é excepcional em sua abrangência  e duração (entre 10 e 15 anos) e possibilita uma perspectiva ampla dos  progressos possíveis com indivíduos autistas. São apresentados excertos  de entrevistas com os sujeitos e seus pais, dados específicos sobre o  desenvolvimento dos sujeitos nas diversas áreas e os resultados da  aplicação de um questionário sobre o desenvolvimento funcional emocional  com os pais. 
Os princípios básicos  que norteiam a intervenção proposta pelo DIR/Floortime são brevemente  descritos e os critérios de acompanhamento e avaliação dos resultados  são extensamente apresentados.
Todas as crianças desse subgrupo evidenciaram progressos importantes  justamente nas áreas fundamentais dos DEA. Embora não seja possível  avaliar a representatividade desse grupo, e os autores também mencionem a  existência de famílias que também estão se dedicando a suas crianças  com o mesmo cuidado e sem os mesmos resultados, uma das importantes  conclusões refere-se ao fato de que os progressos continuam durante a  adolescência e depois dela.
Os  resultados indicam a grande possibilidade de progresso dos autistas de  alto-funcionamento a partir da mobilização de pontos críticos para o  desenvolvimento emocional e educacional.
Os  autores descrevem estudos anteriores, um com dados de 200 pacientes com  idades, no início da intervenção, entre dois e oito anos e outro, com  análises individualizadas de 20 sujeitos, ambos com tempo de  acompanhamento mais curto. Os resultados dessas pesquisas são  apresentados brevemente nesse artigo, mas indicam as possibilidades de identificação de progresso em indivíduos com os mais diferentes níveis de desenvolvimento.
A  proposta do programa DIR/Floortime tem diversas limitações em sua  aplicação integral, sendo que as mais significativas são a econômica e a  necessidade de cooperação familiar intensa. Entretanto, o conhecimento a  respeito do programa fornece informações úteis para a determinação de  abordagens de intervenção para pessoas com DEA. 
Por  outro lado, a compilação de dados e a publicação de informações  (complementarmente, objetivas e subjetivas) a respeito de resultados dos  processos de intervenção fornecem fundamentação para o aperfeiçoamento  da prática clínica. 
Resenha do texto:
Greenspan  SI, Wieder S. Can children with autism masterthe core deficits and  become empathetic, creative and reflective? Aten to fifteen year  follow-up of a subgroup of children with autismspectrum disorders (ASD)  who received a comprehensive developmental,individual-difference,  relationship-based (DIR) approach. J Dev Learn Disord. 2005;9:39-61. 
Revista Soc. Brasileira de Fonoaudiologia/2010
Comentado por: Fernanda Dreux Miranda Fernandes1, Daniela Regina Molini-Avejonas2
  
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