Autismo
Como falar com o autista sobre desejos sexuais?
À FLOR DA PELE
Portadores do transtorno possuem as mesmas necessidades que qualquer outra pessoa quando o assunto é sexualidade.
A puberdade, sem duvida, pode ser considerada como um dos principais momentos da vida de um individuo. Nesta fase, dentre as principais alterações, está o aumento do desejo sexual, provocado devido ás variações apresentadas em diversas partes, como o sistema hormonal. Contudo, falar de sexualidade não é apenas discutir sobre o ato sexual em si; na verdade, devem ser levadas em consideração diversas outras ações e pensamentos que estão envolvidos nesta temática.
Tocar neste assunto com os filhos pode ser uma tarefa difícil para alguns pais. Há um certo receio e uma cautela, até certo ponto, exagerada, ao se abordar questões como orientação sexual, masturbação, desejos....Mas esse contexto não é inerente a todos os seres humanos? Com exceção àqueles que possuem alguma disfunção que afeta diretamente a capacidade, é claro. Por que, então, não esclarecer dúvidas e orientar quem está desbravando e conhecendo esse novo mundo?
A tarefa de dialogar a respeito do universo sexual se apresenta como um tabu ou, para alguns, aparenta ser um "monstro de sete cabeças", que deve ser afastado de seus descendentes. Se com filhos que não apresentam nenhum tipo de transtorno já parece tão complicado, como agir quando há a presença do autismo?
A psicóloga Marcia Stanzione orienta aguardar o filho demonstrar alguns sinais e, a partir disso, realizar uma abordagem de maneira responsável. "Respeitar a idade cronológica é importante no que diz respeito à forma como aborda-se o tema, isto significa que é importante aguardar as perguntas curiosas, pois são elas que darão o tom da conversa", comenta.
Além disso, Marcia aponta que, se a criança apresentar certa dificuldade em falar sobre o tema, os pais precisam assumir o papel de orientador para que possam tranquiliza-la, conquistar sua confiança e facilitar a comunicação, tornando o momento em um diálogo saudável.
ELES TÊM UMA SENSIBILIDADE SEXUAL MAIOR?
Seria um equívoco afirmar que os estímulos se apresentam em autistas da mesma maneira que se manifestam em pessoas que não sofrem desse transtorno - apesar de essa capacidade também fazer parte da natureza deles.
A diferença pode ser explicada por meio das características relacionadas ao sistema sensorial, que, nos casos dos portadores desse distúrbio, são diferentes das demais pessoas. "Esse sistema é responsável por realizar a interação dos estímulos ambientais e sociais com o organismo, fazendo-o responder e se comportar de diversas formas. Sendo assim, os indivíduos desse espectro possuem a diferenciação neste quesito, desde a percepção dos estímulos e nos comportamentos de resposta até no grau de sensibilidade dos sentidos", explica Lucas Castanho Xavier, psicólogo da (AFAPAB).
Lucas relata que não é possível prever como isso se dará, já que cada pessoa demonstra-se de maneira individualizada, ou seja, os traços são totalmente subjetivos e particulares. Por isso, deve haver uma cautela na aproximação e na orientação nessas situações.
COMO FALAR COM O AUTISTA SOBRE DESEJOS SEXUAIS?
Os estímulos recebidos e demonstrados pelos autistas em relação a sexualidade soa totalmente particulares. Nesse contexto, pode haver preconceitos por parte de outras pessoas, conforme explica a psiquiatra Gabriela Stump. "A libido surge e, às vezes, tendem a taxar os autistas como hipersexualizados por não esperarem que haja exteriorização deste desejo", completa.
Em certos casos, as manifestações podem ocorrer inesperadamente em lugares ou com a intensidade inadequados. Por isso, algumas atitudes se fazem necessárias para lidar com esse tipo de situação.
1 - explique claramente e de maneira aberta sobre os indícios da sexualidade.
2 - converse sobre o assunto, tocando em variados pontos, como masturbação, gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
3 - ensine com paciência como agir nessas ocasiões (por exemplo, alguns podem se masturbar em locais inapropriados, então, procura-se orientar que esse ato deve ser realizado em local privado).
4- busque ajuda de profissionais capacitados, como os terapeutas. Dessa forma, tanto a pessoa quanto a família serão melhor orientados sobre o processo.
Fonte:
Revista Ler&Saber Especial. Autismo. Ano 2, nº 3 (2015). Páginas 34 e 35. Disponível em https://www.facebook.com/SindromedeAspergerAUTISMO/photos/a.1159278880757152.1073741934.765583180126726/1046852015333173/?type=3&theater (acesso em 19 de novembro de 2016)
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