Acredito que nada é por acaso e que as coisas acontecem para o nosso progresso.  E que as dificuldades são chances únicas de crescimento, aprendizado e "quitação  de dívidas". Sei que, muito provavelmente, escolhi a missão de ter um filho  especial nessa vida antes de reencarnar. E que ele me escolheu, pela história  que nos une. Isso me dá alento para seguir com a jornada que é ser mãe  especial.
Mas, sou humana, longe, muito longe do grau evolutivo  necessário para se aceitar uma missão como essa sem cair várias vezes. É  importante dizer isso em voz alta. Porque parece que temos de estar sempre  sorrindo, temos obrigação de ser otimistas, segurando a peteca com classe e  elegância, num eterno estado de Pollyanna, o que não é nada saudável nem normal.  Durante um tempo, eu vivi assim. Precisamente, logo após o diagnóstico de  Transtorno Global do Desenvolvimemento (TGD) do Luca, dentro do chamado espectro  autístico. De dia, eu tinha de estar bem para trabalhar e memostrar forte para  família, colegas de profissão e amigos. De noite, eu tirava a máscara.. O  resultado foram madrugadas regadas a choro, sorvete, biscoito recheado, pizza e  salgadinhos - único horário do dia em que eu me permitia sentir medo, frustração  e tristeza - e... 40 quilos a mais na balança em menos de dois anos.
É  muito fácil você se perder depois de receber uma notícia de que seu filho tem  síndrome de down, autismo, déficit de atenção, e nem estou falando de outros  problemas piores, lesões mais graves, deficiências muitas vezes sem tratamento  ou recuperação. Não estou nem falando da dor de se perder um filho. Esse sim, o  maior medo de todas nós, mães especiais ou não.

Recentemente, li um post e um  blog que eu adoro, o 
lagartavirapupa.com.br, que pareceu  ter sido escrito para mim. Fala sobre um blog dos EUA, o "The oxigen Mask  Project", ou "Projeto máscara de oxigênio", e tem como objetivo lembrar aos pais  especiais que eles precisam cuidar de si mesmos antes de ajudarem seus filhos.  "Com certeza, todos que já andaram de avião ouviram aquela frase que as  aeromoças falam quando ele está para decolar: “Passageiros viajando com crianças  ou alguém que necessite de ajuda, lembramos que deverão colocar suas máscaras  (de oxigênio) primeiro para, em seguida, auxiliá-los“. Parece besteira, mas não  é. O princípio disso é que, se você não estiver bem, não pode ajudar a criança.  Se você desmaiar porque se apavorou para colocar a máscara na criança primeiro,  vocês dois estarão em risco." Essa é frase do blog lagarta vira pupa, que eu  copiei na íntegra, porque é perfeita.
Se eu pudesse dar um recado para  papais e mamães que vivem essa situação é: coloquem a máscara de oxigênio  primeiro em vocês! Mesmo que isso pareça bobabem. Mesmo que isso pareça egoísmo.  Não é! Porque se culpar e inconscientemente se boicotar, não vai ajudar em nada.  Não é inteligente. Aliás, só vai dificultar mais as coisas. Eu demorei uns dois  anos para sair desse estado letárgico de me punir com comida e de coisas que me  fazem mal, engolindo sentimentos de frustração junto com milhares de calorias,  como se a culpa fosse diminuir. Se eu pudesse ouvir meu inconsciente em voz  alta, provavalmente ouviria ele dizer assim: "Coma, querida (ou beba, ou se  drogue, ou entre em depressão, tanto faz. No meu caso foi comida). Coma, porque  vc é culpada por essa criança ser assim. E, agora, o mínimo que vc tem de fazer  para compensar isso, é perder algumas das suas qualidades como alegria, beleza,  força de vontade, energia, otimismo, saúde, garra... Coma para diminuir sua  ansiedade e continue sorrindo durante o dia para tudo parecer bem."
Eu  tinha uma amargura interna, não me divertia, não saía, não ia ao cinema, não  fazia nada para mim. Um dia cometi a heresia de descer de noite para tomar uma  sauna no condomínio. Voltei em 15 minutos, morrendo de culpa, como se estivesse  cometendo um crime.... Não via sequer a evolução do Luca que as pessoas viam;  não tinha o otimismo que o meu marido e o meu pai tinham... Era exigente além da  conta com ele, impaciente, não respeitava o tempo dele, achava que estimular era  trancá-lo no quarto, obrigando o garoto a montar quebra-cabeça, fazer desenhos  dentro do contorno e repetir palavras que ele ainda sequer sabia o  significado.
Um dia, eu acordei. Aos poucos, comecei a aceitar que ele  estava sim evoluindo e que ser diferente não é o fim do mundo, e que é uma  missão bonita, e voltei a sorrir com ele e a ser espontânea de verdade e a  aceitar seu tempo e rir com o seu jeito e a ficar cada vez menos comendo  bobagens e chorando nas madrugadas. Foi quando eu 
pisei pela  primeira vez nessa Pracinha maravilhosa. E comecei a escrever o meu 
blog. Aí, um dia, me  olhei no espelho e não me reconheci. De quem era aquele corpo? Aquele olhar  cansado? O estado letárgico havia passado, já estava me sentindo forte e  equilibrada, mas aquela imagem no espellho não era eu... Vários quilos já foram  embora. E, aos poucos, todos vão, um a um, tenho certeza.

Pais especiais, é permitido ser  feliz! Porque eu vi que é importante eu estar bem, para estar bem para o Luca e  para o Thiago. Porque não posso me dar ao luxo de, sei lá, de repente, morrer  agora de um problema de saúde provocado pela má alimentação e pelo sedentarismo,  porque tenho duas almas que precisam de mim. E tenho muito ainda para dar por  eles e pela "classe" de mães especiais. Porque ainda tenho projetos, quero  estudar, quero fazer cursos, quero ajudar a criar programas que ajudem crianças  especiais, quero lutar pela inclusão, quero incomodar, quero ser uma voz, quero  deixar minha marca. Quero, antes de tudo, deixar minha marca no Luca. A marca de  uma mãe forte, mas não só na aparência, na fachada. Forte o suficiente para cair  várias vezes sim, como ainda vou cair quando a frustração e o preconceito me der  uma rasteira. Mas, sei que o pulo do gato é levantar em todas elas. Cada vez  mais forte e experiente!
Um beijo especial e desejos de um Feliz Natal.  Um Natal sempre especial. Sempre aqui, na Pracinha
  
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post do dia 31/08/2012  Luca pega meu arco, coloca na minha cabeça e solta um "princhesa". Do nada. Estávamos na cama, brincando com ele. Me derreto em lágrimas, papai durão fica com os olhos marejados, levanto, fico na frente dele feito uma doida... 
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Meu nome é Patrícia, sou jornalista, tenho 39 anos, sou casada e mãe de dois tesouros: Thiago, de 5 anos, que tem desenvolvimento típico, e do Luca, de 3, essa alma que Deus nos emprestou para tomarmos conta durante essa viagem que é a vida. Luca...