Os medicamentos usados para tratar os neurônios não podem ser usados em humanos e é o próximo passo e desafio dos pesquisadores. Confira
Ana Paula Pontes "Tenho uma filha autista de 5 anos e me interessei muito a respeito de suas novas conquistas sobre o autismo. Somente venho me solidarizar e deixar minha filha e eu à sua disposição se pudermos ajudar no seu estudo.” Essa mensagem endereçada por meio de uma rede social ao neurocientista brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da California (EUA), é apenas uma das centenas que ele vem recebendo depois que descobriu, em laboratório, diferenças entre neurônios autistas e normais e, assim, conseguiu “consertar” aqueles com problema.
Para o especialista, é difícil estudar síndromes psquiátricas, que envolvem a interação social, com modelos animais ou com cérebros doados para pesquisa após a morte do paciente, já muito comprometidos. “Meu interesse era acompanhar os estágios iniciais do desenvolvimento do cérebro humano, desde a fase embrionária”, diz. Para isso, foi feita uma biópsia (retirada de um pedacinho) da pele de crianças autistas e normais, e as células da pele foram transformadas em células-tronco embrionárias humanas, que podem dar origem a neurônios.
A partir daí, Muotri e mais dois cientistas brasileiros que também participaram do estudo perceberam diferenças entre os neurônios. O tamanho do núcleo de neurônios autistas eram menores e o número de sinapses, estrutura que permite a comunicação entre um neurônio e outro, eram reduzidas. Os neurônios com problemas foram, então, tratados com duas drogas e, após a medicação, o número de sinapses aumentou e eles passaram a se comportar como os normais. “Esse foi o momento mais impressionante e de muita emoção do nosso trabalho, porque nos mostra que essa característica autista [crianças com dificuldade para se comunicar, interagir e com comportamento repetitivo] não é permanente. Ela pode ser revertida”, afirma.
Segundo Muotri, com esses resultados fica claro que o autismo é uma doença biológica provavelmente causada por um defeito genético,uma vez que esses neurônios autistas não sofreram nenhuma influência externa. “Isso contribui para reduzir o estigma que acaba ficando na cabeça dos pais de que a criança tem o problema ou porque eles não deram amor e estímulo suficientes ou porque alguma vacina provocou o autismo”, afirma. Apesar de os grupos antivacinas não terem tanta força no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos muitos pais deixam de vacinar os filhos porque acreditam que os imunizantes podem ser responsáveis pelo distúrbio nas crianças.
(Leia Vacinação Não Causa Autismo) O próximo desafio da equipe de pesquisadores é encontrar drogas seguras e eficazes que possam reverter o estado autista nos neurônios humanos até mesmo antes de os sintomas aparecem na criança. “Estamos caminhando para uma medicina personalizada em que será possível retirar células do feto no útero para experimentos e diagnósticos”,diz. Os medicamentos utilizados em laboratório poderiam causar efeitos colaterais tóxicos, além disso é preciso saber a dose exata para não trazer outros problemas, como aumentar demais as sinapses cerebrais, o que poderia provocar ataques epilépticos.
Ainda não se sabe quanto tempo os cientistas vão levar para desenvolver um medicamento seguro e, enfim, curar o autismo. A estimativa é de dez anos. Mesmo assim, a repercussão do estudo - publicado na revista científica
Cell – que aconteceu na mídia e por tantos pais e mães tem servido de inspiração para Muotri. “É impressionante o número de e-mails que tenho recebido de pais de todo o canto do mundo agradecendo por ter trazido uma esperança de cura para seus filhos. Sempre me envolvo e converso com mães e pais para entender melhor o autismo, porque nada como eles para saber todos os sintomas e quando aparecem. Eu vejo o quanto é difícil, e sempre penso em como posso ajudar cada criança.”
comentários
Ignez Lopes de Carvalho - Niterói/RJ | 02/06/2011 12:13
Muito interessante as perspectivas que a pesquisa aponta, mas em princípio me parece muito simplória. Síndromes Invasivas ou o hoje chamado Espectro Autista, que começa no TDA – transtorno de déficit de atenção, são síndromes multifatoriais. Pela forma que o texto se apresenta, dá a idéia que estes pesquisadores não têm vivencia do dia a dia com os diversos casos de autismo, sendo inúmeros os que deflagram o processo pós vacina. Se estas células já estavam modificadas pela própria patologia, gerariam células tronco saudáveis, ou já modificadas? Não tenho conhecimento do trabalho com células tronco para responder a esta pergunta. Mas o que dizer das alterações que são causadas por nível de mercúrio alto, decorrente de mães já intoxicadas, por amalgamas ou outras fontes de intoxicação .... E das inflamações intestinais, decorrentes de infestações fúngicas, e/ou bacterianas, antibióticos, intolerâncias alimentares e alergias? Claro que a se julgar por uma reportagem escrita por outra pessoa que não seja o próprio, ainda que baseada no que se compreendeu; e em se tratando apenas de um resumo tão pequeno, da pesquisa em si, pode não estar expresso exatamente a idéia como um todo dos pesquisadores. Na forma que se apresenta, a idéia parece simplória demais. Ou as terapias de detoxicação e nutrição, e respeito ao metabolismo do indivíduo (as dietas) não estariam favorecendo as estimulações e produzindo as melhoras e até curas que tem produzido em todo o mundo. Sou fonoaudióloga e trabalho com síndromes invasivas a 35 anos. Ignez Lopes de Carvalho
Regina Krusemark - Vitória/ES | 02/06/2011 01:03
Eu tenho uma sobrinha Asperger, uma forma branda de autismo. Além do autismo ela também tem hipotiroidismo. Ela estuda numa escola normal, seu português é excelente, o que ela aprende NUNCA esquece, verbaliza muito bem as palavras, adora um computador, brinca, dança e canta o dia todo, adora uma piscina...etc. Quem a vê pensa que é uma criança como outra qualquer, mas não é. Ela tem problema de comunicação, de interação social e de comportamento de interesses repetitivos e estereotipados. Essa é tríade que caracteriza se uma criança é autista ou não. Ficarei eternamente agradecida aos cientistas se descobrirem a “cura” para o autismo. Sonho em ainda ver Carolina sentadinha conversando comigo uma conversa que tenha início, meio e fim e que não seja uma conversa “sem pé e nem cabeça” como geralmente tem sido.
Regina - Vitória/ES | 02/06/2011 01:00
Eu tenho uma sobrinha Asperger, uma forma branda de autismo. Além do autismo ela também tem hipotiroidismo. Ela estuda numa escola normal, seu português é excelente, o que ela aprende NUNCA esquece, verbaliza muito bem as palavras, adora um computador, brinca, dança e canta o dia todo, adora uma piscina...etc. Quem a vê pensa que é uma criança como outra qualquer, mas não é. Ela tem problema de comunicação, de interação social e de comportamento de interesses repetitivos e estereotipados. Essa é tríade que caracteriza se uma criança é autista ou não. Ficarei eternamente agradecida aos cientistas se descobrirem a “cura” para o autismo. Sonho em ainda ver Carolina sentadinha conversando comigo uma conversa que tenha início, meio e fim e que não seja uma conversa “sem pé e nem cabeça” como geralmente tem sido.
Vera Fernandes - Atibaia/SP | 11/05/2011 06:30
Não tenho ninguem da familha autusta mais tenho conhecido , fico muito feliz com as pesquizar ,é torcendo para ache logo á cura abraços.
ALINE RAMOS OLIVEIRA SOUZA LOUREIRO - Rio de Janeiro/RJ | 23/03/2011 03:27
Tenho um filhinho de 2 anos que ainda nao fala, suas unicas palavras sao, tchau e oi. Nem mamae ele fala. Ele acabou de entrar na escola, ja procurei um neurologista mas so fizemos um eletro que gracas a Deus nao deu nada, mas ainda fico com medo de que haja algo que eu e os medicos nao estamos percebendo. Queria saber de voces como foi feito esse diagnostico e o que voces fizeram. Agardeco desde ja.
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