A Síndrome de Asperger pode passar despercebida por muitas pessoas que convivem com seu portador. É possível até que a própria pessoa com Asperger tenha dúvidas ou receio de um diagnóstico definitivo. “A maioria das pessoas que me conhece apenas me considera um pouco diferente”, afirma a bióloga responsável pelo blog “A síndrome de Asperger, a ciência e eu” (tradução livre do original em espanhol). “Minha vida não é diferente da maioria das pessoas”, afirma ainda a autora. “O que mudam são as habilidades e dificuldades, além da ajuda e tratamentos aos quais preciso recorrer para me transformar na pessoa que quero ser”.
Casada, mãe, com graduação e pós-graduação, a autora não se identifica totalmente e admite que poucas vezes comenta com as pessoas a quem conhece que é portadora da Síndrome de Asperger. “Foi muito importante para mim, entretanto, encontrar uma explicação para minha forma de ser”, afirma ela em relação ao diagnóstico.
Falando sobre seu modo de encarar o Asperger, a bióloga diz que não vê problemas em ser diferente, o que não significa que ela não tenha que fazer um esforço, às vezes muito grande, para aprender a viver em sociedade. “Provavelmente a ansiedade é o estado de espírito que mais me acompanhou em todos estes anos”. A solidão, o cansaço, o sentimento de não pertencer a lugar nenhum e a confusão também são frequentes, diz ela. “Tive alguns momentos de muita tristeza”.
Mesmo sentindo-se protegida em sua própria solidão, aos poucos ela entendeu que todos, iguais ou diferentes, pertencemos a um mesmo mundo, e portanto vale a pena fazer um esforço pela convivência, com otimismo. “Tenho uma linda família, harmoniosa, na qual o sentimento mais frequente é o amor”, resume ela. “Desfruto cada dia com eles, e ainda que nosso dia-a-dia seja muito diferente do de outras famílias, somos muito felizes”.
A síndrome de Asperger é considerada ainda uma grande vantagem pela bióloga, que trabalha como pesquisadora. “Tenho uma carreira que me fascina, e reconheço que no âmbito científico ter Síndrome de Asperger é uma grande vantagem”.
A internet também é considerada importante pela bióloga. “A maioria de minhas relações se iniciou por meio da internet, e muitas vezes, ainda que com esforço, ultrapassaram o campo virtual”.
Texto escrito por Silvana Schultze, do blog meunomenai.com
Baseado no texto “Pensando em voz alta”. Para ler o texto completo (em espanhol), clique no link: http://aspergeryciencia.com/mi-familia/
Abraço fraterno!
Até a proxima,
Grace Caroline.