Autismo
A fala: mecanismos da comunicação, as regras e o significado do que se comunica
Como qualquer sistema de produção, a linguagem tem duas partes: entrada e saída.
Sem a entrada de boa matéria-prima, inevitavelmente a qualidade da produção sofre, isso acontece também no sistema de produção de linguagem. Se o estímulo recebido não entra com qualidade e clareza, seja por um problema de qualidade do estímulo, seja por problemas no processo auditivo, mecânico ou neuronal, o que a fala será capaz de produzir não será de qualidade. Este efeito é conhecido como o Efeito Tomatis: “a voz só produz o que o ouvido pode ouvir”.
O processo mecânico da fala depende da entrada clara, na ordem correta e manutenção dos sons na memória imediata o tempo suficiente para que o cérebro registre estes sons. Então, a ordem deve ser recapturada e enviada ao aparelho da fala para a produção das palavras.
Fonologia é o nome dado à capacidade de usar sons. O desenvolvimento fonológico começa quando o som da fala ativa redes neurais.
Marcos do desenvolvimento mecânico da fala:
4 primeiros meses: Pode distinguir entre sons diferentes.
4 a 8 meses: balbucia.
9 a 12 meses: Primeiras sílabas (mama, papa)
Primeiras consoantes, geralmente p,m,t, k.
Primeiras vogais, geralmente a, i, u.
A criança seguirá balbuciando mesmo já sendo capaz de dizer as primeiras palavras.
3 anos: A fala pode ser entendida.
4 a 5 anos: Pode pronunciar junções mais complexas de consoantes.
6 anos: Pode produzir e distinguir todos os sons das vogais.
8 anos: Pode produzir e distinguir todos os sons das consoantes.
9 anos: Pode lembrar e produzir 4 a 5 palavras em sequência.
As regras do processo da fala chamamos de gramática (sintaxe).
Algumas crianças têm problemas para incorporar estas regras de gramática. O problema pode ter como raiz modelos de baixa qualidade de gramática em casa ou outro ambiente, podem ser causados por problemas no ouvido durante seus primeiros anos de vida, ou possivelmente de algum atraso nos circuitos do cérebro que causa uma deficiência de linguagem. A criança que tem dificuldade em lembrar seqüências de palavras terá dificuldade de reproduzi estas sequências em sua fala.
Crianças aprendem regras sintáticas através dos adultos. Uma maneira de corrigir erros sintáticos é re-frasear e expandir a fala. “Ontem eu foi na escola”; “Ontem eu não fui na escola, só você foi, eu fui ao mercado”.
Você também pode criar jogos específicos, como jogos de preposição se o problema da criança estiver no uso delas.
Seja paciente, estas regras gramaticais são incrivelmente complicadas. Muitas vezes, a iniciativa e desejo de se comunicar expressando suas idéias é mais importante do que a utilização correta da regra gramatical.
A semântica representa entender o significado da linguagem, sejam palavras simples ou longos textos.
O modelo para a compreensão da linguagem e sua expressão está nos padrões da experiência pessoal da criança.
As crianças desenvolvem redes semânticas a partir de experiências em primeira mão, com objetos do mundo real, ouvem as palavras associadas a esses objetos e, em seguida, associadas a outras palavras.
Compreender a língua é basicamente uma questão de compreender relações. Um problema precoce em entender relações é em torno dos pronomes. "Você me dê isto" significa coisas diferentes dependendo de quem o diz.
Aqui e ali, preposições em geral, pequeno e grande, etc., tudo depende de compreender relações. O cérebro humano é bem adaptado para este tipo de trabalho se a pessoa tiver uma boa base para a compreensão de relação física, e isso começa entendendo o seu próprio corpo no espaço.
O cérebro tende a lembrar de coisas ou eventos que ele já está maduro para experienciar, que tenham significado, que possam ser agrupados em padrões e possam ser associados a uma experiência anterior. A compreensão também depende de uma experiência prévia em que possa ser feita uma associação.
Bibliografia:
How your child’s brain grow. Brain Development and Learning From Birth to Adolescence, Jane M. Healy, PH.D.
The RDI Book. Forging New Pathways for Autism, Asperger’s and PDD with the Relationship Development Intervention Program, Steven E. Gutstein, PH.D.
Smart Moves. Why learning is not all in your head, Carla Hannaford, Ph.D.
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